Vimos num artigo anterior (1) a construção e descrição do bote ou escaler em que Caldas Xavier (CX) desceu o rio Limpopo após a conclusão da demarcação de fronteira entre Portugal (Moçambique) e a ZAR. Sigo o texto escrito pela parte portuguesa dessa comissão (pdf aqui) e as fotos disponibilizadas pelo ACTD.
As duas fotos seguintes do ACTD colocadas na pasta relativa a esta comissão não referem
específicamente CX mas é claro que lhe estão ligadas e podemos então vê-lo com os auxiliares no seu bote a vogar no Limpopo. Estaria certamente entre o Pafuri e
Chiculacuala dado que me parece que foi Freire de Andrade (FA) que carregou a única câmara da
missão e como dissemos antes a partir de Chicualacuala FA e CX seguiram caminhos
separados.
FOTO 1
Vista no Limpopo (ACTD) |
Via-se em cima o que pareciam duas velas triangulares
que podiam servir para juntar momento à força da corrente, que senão seria a única que
movia o bote que por isso era de navegação em sentido único.
Outra foto semelhante mas parecendo que o bote se
dirigia para terra e que a vela da frente estava a servir de toldo, como FA escreveu no relatório:
FOTO 2
Bote no Limpopo, |
Um documento excepcional para se acompanhar a missão de CX e que está digitalizado com imenso detalhe na Universidade do Illinois (SGL 1892) é a carta de reconhecimento do Limpopo de CX de 1890 e que penso foi publicada em 1892. Presumo que esta carta tenha integrado o relatório de CX, separado dos de FA e MS, que está registado no memória de África com nome "Reconhecimento do Limpopo" de 1894. No memória de África aparece também o artigo "Reconhecimento do Limpopo: os territórios ao Sul do Save e os Vatuas" publicado por CX no Boletim da Sociedade de Geographia de Lisboa (SGL) - 13ª série, nos. 1 e 2 (1894), p. 127-195.
O acesso à digitalização da carta de CX é livre, os americanos devem considerar que o estudo ou investigação de história não está reservado para os profissionais do sector nem para quem tenha dinheiro e por isso são o que são como país.
Em contraponto em Portugal é só barreiras e dificuldades, parece que o Estado que tem essa informação (ou a SGL mas parece que a atitude é do mesmo tipo) prefere que haja só investigação que ele (quer dizer o contribuinte) próprio paga em vez de, e não seriam mútuamente exclusivas, dar aportunidade nas mesmas condições a que curiosos a façam e sem pedir subsídios a ninguém. Se os curiosos a fariam bem ou mal é outra questão, que também se aplica aos profissionais que simplesmente por sê-lo também nada garantem.
Às custas então de algum mecenas da Universidade do Illinois ou do contribuinte norte-americano que vieram buscar a informação a Portugal, podemos ver a seguir a primeira parte do percurso de CX num pormenor dessa carta e onde integrei o cabeçalho:
Em contraponto em Portugal é só barreiras e dificuldades, parece que o Estado que tem essa informação (ou a SGL mas parece que a atitude é do mesmo tipo) prefere que haja só investigação que ele (quer dizer o contribuinte) próprio paga em vez de, e não seriam mútuamente exclusivas, dar aportunidade nas mesmas condições a que curiosos a façam e sem pedir subsídios a ninguém. Se os curiosos a fariam bem ou mal é outra questão, que também se aplica aos profissionais que simplesmente por sê-lo também nada garantem.
Às custas então de algum mecenas da Universidade do Illinois ou do contribuinte norte-americano que vieram buscar a informação a Portugal, podemos ver a seguir a primeira parte do percurso de CX num pormenor dessa carta e onde integrei o cabeçalho:
Vê-se na carta que CX foi parando em várias aldeias das quais a maioria estava na margem direita. Mas parou também na margem esquerda em Mabole e depois em Rungane. A carta mostra também a ida de CX de Magaje a Chicualacuala por terra (FA descreve muitos contactos que teve com o régulo local) mas não fica claro como ele chegou a Magaje mas isso são pormenores irrelevantes, para mais 130 anos depois dos acontecimentos!
Noto que actualmente Chiculacuala aparece na margem esquerda do Limpopo (google maps) mas em 1890 parecia estar na margem esquerda do Uanetsi, rio que passa um pouco mais para nordeste pelo que a localidade em 1890 estaria por aqui (ver NB 1 em baixo).
Noto que actualmente Chiculacuala aparece na margem esquerda do Limpopo (google maps) mas em 1890 parecia estar na margem esquerda do Uanetsi, rio que passa um pouco mais para nordeste pelo que a localidade em 1890 estaria por aqui (ver NB 1 em baixo).
Carta do "Reconhecimento do Limpopo" por Caldas Xavier datada de 1890
(clique para aumentar)
Missão de CX do Pafuri quase até à foz do Limpopo |
NB 1: rios Uanetsi norte e sul - o facto de aparecer no GOOGLE MAPS um rio Uanetsi, que vem do Zimbabué para Moçambique e é afluente do Limpopo do seu lado norte e que se vê bem no detalhe da carta de cima deve ser o motivo porque neste artigo as fotos de FA tinham sido legendadas de origem como sendo do Uanetsi sul. Nesse caso era um rio que vem da África do Sil para ser afluente do Incomáti e por isto a outra hipótese que tinha colocado nesse artigo foi agora eliminada.
Para sermos mais precisos CX chama Nuanetsi a esse afluente a norte do Limpopo e veremos que Jeppe lhe dá nomes adicionais ou variantes.
Para sermos mais precisos CX chama Nuanetsi a esse afluente a norte do Limpopo e veremos que Jeppe lhe dá nomes adicionais ou variantes.
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