Esta foto é digitalização dum postal que reproduzo com a devida vénia ao site de coleccionismo delcampe.net, ao anunciante aspersmeteor e ao comprador.
A sua legenda é esclarecedora:
FOTO 1
Interior do estúdio (fotográfico) de J. & M. Lazarus em LM
As primeiras instalações da casa de fotografia dos Lazarus foram na Rua Araújo em Lourenço Marques (LM), actual Maputo mas a foto de cima é do estúdio seguinte que alugaram de 1906 a 1908 no Avenida Buildings ou prédio Pott e em posição que tinhamos já genéricamente visualmente localizado aqui a partir da publicidade num telhado, o que se confirmará neste artigo.
O salão = estúdio da FOTO 1 era onde se tiravam os retratos como se nota pela câmara fotográfica (coberta por um pano), pelos cenários colocados mais para o fundo (nenhum deles parece ser o que aparecia aqui) e pelos adereços e mobiliário que era usual aparecerem nas fotos dessa época.
Pelo interior via-se tratar-se duma grande construção de desenho rectangular, que o seu telhado seria a duas águas, que a metade do telhado à esquerda parecia ser por dentro revestida a madeira e que a parte da metade da direita desse telhado mais próxima do observador parecia tão iluminada quando a face da direita mais próxima do salão = estúdio. Temos então parte do telhado em vidro e logo abaixo na vertical os caixilhos de janelas altas por onde também entra luz. Isto quer dizer que este salão = estúdio estaria certamente num último piso (sem construção por cima) e com certo desimpedimento do lado direito.
Como por esses tempos as películas fotográficas eram pouco sensíveis era necessário entrar muita luz nas câmaras para as impressionar e por isso era comum os primeiros estúdios serem envidraçados, o que explicará o desenho e colocação deste estúdio. Esses estúdios estavam também equipados com cortinas para controlar a intensidade luminosa, elemento que também aparece ao alto e do lado direito na FOTO 1.
Pode estimar-se na FOTO 1 que a altura do salão = estúdio até ao nivel de início do telhado seria de cerca de 4 m (baseando-me na altura do teclado do piano a 74 cm) e que a altura só do telhado seria duns 3 metros. O grande pé direito do salão = estúdio assegurava o conforto geral e para um estúdio fotográfico seria particulamente conveniente pois permitia a utlização de cenários altos.
O desenho estimado do salão = estúdio da FOTO 1 visto por fora seria aproximadamente como represento a seguir, a parte mais imaginada é a envolvida a laranja mas justificá-la-ei depois:
O jornalista do LM Guardian referia ainda a existência duma grande sala no terceiro piso do prédio que não tinha ainda sido alugada pelo proprietário Pott e que corresponderá à construção alongada que marco nestas fotos a verde, geralmente no terraço na sua cobertura. De qualquer modo como ela é plana e o telhado do salão = estúdio da FOTO 1 não o é pode-se excluir que este tivesse estado no interior dessa construção e daí o salão = estúdio da FOTO 1 ter de estar do centro para o sul do terraço. Segundo o jornalista essa grande sala estava vocacionada ao tempo da inauguração para ser um bar, um clube, etc.
Tendo em conta o que a FOTO 1 do salão = estúdio mostra, a resultante ESTIMATIVA 1 HoM para o seu exterior e o que se vê na FOTO 2, parto então do princípio que o "barracão roxo" na traseira do 3o piso fosse o salão = estúdio dada a coincidência do telhado a duas águas, da forma rectangular e à primeira vista das dimensões dos dois. De facto o "barracão roxo" na FOTO 2 podia ter os 12 m X 6 m que o estúdio tinha segundo o jornalista, dado que o 3o piso completo seria quase um quadrado com 19 m de frente e 18 m de fundo desse lado (medidas do Google Earth - ver aqui no artigo seguinte). Vê-se ainda na FOTO 2 que o pé direito ao centro desse "barracão roxo" equivalia ao de cerca de 1.4 pisos normais do prédio, o que também se coadunava com os 7 m estimados a partir da FOTO 1.
Na montagem seguinte junto ao desenho da direita da "ESTIMATIVA HoM 1" uma FOTO dos LAZARUS tirada entre 1906 e 1908 com o prédio Pott visto à distância. Vemos aí o mesmo barracão que estava na FOTO 2 no topo da traseira do prédio mas com esta foto dá para ver que ele não tinha janelas do lado esquerdo = oeste e que tinhas letras LAZARUS escritas no telhado desse lado. Tais elementos podiam corresponder ao salão = estúdio da FOTO 1 e com essa orientação pois a sua parede lateral à esquerda também não tinha janelas e era desse lado que o telhado era opaco pelo que as letras LAZARUS podiam estar aí escritas no exterior. Consolida-se então a ideia de que o salão = estúdio da FOTO 1 estava no interior do barracão das fotos e ficamos com a ideia da sua orientação que seria o norte da cidade ser para o fundo da FOTO 1 (zona dos cenários).
Se a posição do salão = estúdio fosse assim, a sua ligação ao corpo principal do prédio tinha de ser pela direita mas como à direita da FOTO 1 só se vê janelas a porta teria de ser atrás do fotógrafo e introduzi essa porta na "ESTIMATIVA 1 HoM" (aparecendo ela na imagem à esquerda). Presumo também que para o fundo do estúdio na FOTO 1 houvesse outra porta (de serviço) sob a janela iluminada que aparece em cima.
Passemos à terceira foto (também já conhecida e tirada a partir do prédio Lusitana) da primeira metade dos anos 50 em que se olha para o prédio Pott mais ou menos no sentido oposto ao da FOTO 2:
O salão = estúdio da FOTO 1 era onde se tiravam os retratos como se nota pela câmara fotográfica (coberta por um pano), pelos cenários colocados mais para o fundo (nenhum deles parece ser o que aparecia aqui) e pelos adereços e mobiliário que era usual aparecerem nas fotos dessa época.
Pelo interior via-se tratar-se duma grande construção de desenho rectangular, que o seu telhado seria a duas águas, que a metade do telhado à esquerda parecia ser por dentro revestida a madeira e que a parte da metade da direita desse telhado mais próxima do observador parecia tão iluminada quando a face da direita mais próxima do salão = estúdio. Temos então parte do telhado em vidro e logo abaixo na vertical os caixilhos de janelas altas por onde também entra luz. Isto quer dizer que este salão = estúdio estaria certamente num último piso (sem construção por cima) e com certo desimpedimento do lado direito.
Como por esses tempos as películas fotográficas eram pouco sensíveis era necessário entrar muita luz nas câmaras para as impressionar e por isso era comum os primeiros estúdios serem envidraçados, o que explicará o desenho e colocação deste estúdio. Esses estúdios estavam também equipados com cortinas para controlar a intensidade luminosa, elemento que também aparece ao alto e do lado direito na FOTO 1.
Pode estimar-se na FOTO 1 que a altura do salão = estúdio até ao nivel de início do telhado seria de cerca de 4 m (baseando-me na altura do teclado do piano a 74 cm) e que a altura só do telhado seria duns 3 metros. O grande pé direito do salão = estúdio assegurava o conforto geral e para um estúdio fotográfico seria particulamente conveniente pois permitia a utlização de cenários altos.
O desenho estimado do salão = estúdio da FOTO 1 visto por fora seria aproximadamente como represento a seguir, a parte mais imaginada é a envolvida a laranja mas justificá-la-ei depois:
"ESTIMATIVA 1 HoM" para o EXTERIOR do ESTÚDIO dos LAZARUS
só a partir do que se vê do seu INTERIOR na FOTO 1
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Preto: cortinas colocadas no tecto, sob a zona onde há telhado de vidro
Quadro colorido (azulado, ao fundo): exemplo de cenário para as fotografias
indicando a zona do estúdio da FOTO 1 onde não havia telhado de vidro
Laranja: um dos extremos do estúdio que não é visível na FOTO 1
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Passemos à informação de dois artigos do jornal LM Guardian do final de 1906 reproduzidos nas páginas 91 a 94 do recente livro de Paulo Azevedo Photographos Pioneiros de Moçambique e que se referem à abertura da secção norte do prédio Pott e às novas instalações da casa fotográfica dos Lazarus. Estes arrendavam do senhorio Pott a loja à direita no primeiro piso (rés do chão) da galeria interior onde comerciavam material fotográfico e disponibilizavam uma sala escura para amadores, não arrendavam nada no segundo piso (primeiro andar) e arrendavam uma grande parte do terceiro piso (segundo andar). Está no texto que nesse terceiro piso estava o estúdio de fotografia dos Lazarus que tinha dimensões de 12 m X 6 m pelo que corresponderá grosso modo ao tamanho do da FOTO 1 e seria esse o elemento principal das suas instalações. Estavam ainda no terceiro piso os vestiários, salas técnicas de revelação e produção fotográfica, etc que ocupavam oito compartimentos.
Vejamos essa secção norte do prédio Pott nas fotos disponíveis para tentar perceber onde teriam estado as instalações dos Lazarus. A primeira foto dá a vista do prédio para N-NW já nos anos 50 e verifica-se que essa secção norte tinha efectivamente três pisos principais e à frente mais duas torres gémeas acima deles (aqui especialmente nas três primeiras fotos) e que seriam mais decorativas. Tentemos aí perceber como era o terceiro piso (ou segundo andar) que os Lazarus ocuparam
Vejamos essa secção norte do prédio Pott nas fotos disponíveis para tentar perceber onde teriam estado as instalações dos Lazarus. A primeira foto dá a vista do prédio para N-NW já nos anos 50 e verifica-se que essa secção norte tinha efectivamente três pisos principais e à frente mais duas torres gémeas acima deles (aqui especialmente nas três primeiras fotos) e que seriam mais decorativas. Tentemos aí perceber como era o terceiro piso (ou segundo andar) que os Lazarus ocuparam
FOTO 2 (origem delagoabayworld)
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Linhas pretas horizontais: nível do pavimento do 3o piso alugado pelos Lazarus
Linhas preto e branco horizontais: nível do tecto do 3o piso alugado pelos Lazarus
Roxo: lado sul de barracão na traseira da secção norte do prédio
Azul claro: limite a sul da vertente do telhado desse barracão virada para poente = oeste
Azul escuro: limite da vertente desse telhado virada para nascente = leste Rosa: antiga Av. Aguiar, depois D. Luis, actual Av. Samora
Verde médio: terraço de construção alongada no terceiro piso
que vai até ao canto a NW da traseira do prédio Carmesim: sobre o espaço entre o barracão na traseira do 3o piso e o corpo principal do prédio Pott, o que tinha as torres gémeas por cima |
O jornalista do LM Guardian referia ainda a existência duma grande sala no terceiro piso do prédio que não tinha ainda sido alugada pelo proprietário Pott e que corresponderá à construção alongada que marco nestas fotos a verde, geralmente no terraço na sua cobertura. De qualquer modo como ela é plana e o telhado do salão = estúdio da FOTO 1 não o é pode-se excluir que este tivesse estado no interior dessa construção e daí o salão = estúdio da FOTO 1 ter de estar do centro para o sul do terraço. Segundo o jornalista essa grande sala estava vocacionada ao tempo da inauguração para ser um bar, um clube, etc.
Tendo em conta o que a FOTO 1 do salão = estúdio mostra, a resultante ESTIMATIVA 1 HoM para o seu exterior e o que se vê na FOTO 2, parto então do princípio que o "barracão roxo" na traseira do 3o piso fosse o salão = estúdio dada a coincidência do telhado a duas águas, da forma rectangular e à primeira vista das dimensões dos dois. De facto o "barracão roxo" na FOTO 2 podia ter os 12 m X 6 m que o estúdio tinha segundo o jornalista, dado que o 3o piso completo seria quase um quadrado com 19 m de frente e 18 m de fundo desse lado (medidas do Google Earth - ver aqui no artigo seguinte). Vê-se ainda na FOTO 2 que o pé direito ao centro desse "barracão roxo" equivalia ao de cerca de 1.4 pisos normais do prédio, o que também se coadunava com os 7 m estimados a partir da FOTO 1.
Na montagem seguinte junto ao desenho da direita da "ESTIMATIVA HoM 1" uma FOTO dos LAZARUS tirada entre 1906 e 1908 com o prédio Pott visto à distância. Vemos aí o mesmo barracão que estava na FOTO 2 no topo da traseira do prédio mas com esta foto dá para ver que ele não tinha janelas do lado esquerdo = oeste e que tinhas letras LAZARUS escritas no telhado desse lado. Tais elementos podiam corresponder ao salão = estúdio da FOTO 1 e com essa orientação pois a sua parede lateral à esquerda também não tinha janelas e era desse lado que o telhado era opaco pelo que as letras LAZARUS podiam estar aí escritas no exterior. Consolida-se então a ideia de que o salão = estúdio da FOTO 1 estava no interior do barracão das fotos e ficamos com a ideia da sua orientação que seria o norte da cidade ser para o fundo da FOTO 1 (zona dos cenários).
"ESTIMATIVA 2 HoM" para colocação do ESTÚDIO dos LAZARUS
na traseira do 3o piso do prédio Pott mais FOTO dos LAZARUS
na traseira do 3o piso do prédio Pott mais FOTO dos LAZARUS
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Vermelho: introduzidas letras LAZARUS no desenho correspondendo às da vertente
do telhado do "barracão" na traseira do 3o piso do prédio Pott
Azul claro: limite a sul da vertente do telhado desse barracão virada para poente = oeste
Azul escuro: limite a sul da vertente desse telhado virada para nascente = leste
Laranja: seria a parte do salão = estúdio que não se via na FOTO 1 mas que completei no desenho baseado na equivalência com o barracão da FOTO dos LAZARUS
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Se a posição do salão = estúdio fosse assim, a sua ligação ao corpo principal do prédio tinha de ser pela direita mas como à direita da FOTO 1 só se vê janelas a porta teria de ser atrás do fotógrafo e introduzi essa porta na "ESTIMATIVA 1 HoM" (aparecendo ela na imagem à esquerda). Presumo também que para o fundo do estúdio na FOTO 1 houvesse outra porta (de serviço) sob a janela iluminada que aparece em cima.
Passemos à terceira foto (também já conhecida e tirada a partir do prédio Lusitana) da primeira metade dos anos 50 em que se olha para o prédio Pott mais ou menos no sentido oposto ao da FOTO 2:
FOTO 3
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Roxo: lado sul de barracão na traseira da secção norte do prédio Pott
que fora os beirais do telhado teria os 6 metros de lado do estúdio da FOTO 1
Vermelho: vertente do telhado desse barracão do lado oeste
onde estiveram pintadas as letras LAZARUS (na FOTO dos LAZARUS)
Branco: vertente oposta desse telhado onde terá estado
o telhado de vidro do salão = estúdio da FOTO 1
Azuis claro e escuro: marcas correspondentes às da FOTO 2
e às da FOTO dos LAZARUS
Rosa: antiga Av. Aguiar, depois D. Luis, actual Av. Samora
Verde médio: terraço de construção longa no terceiro piso
que vai até ao canto a NW da traseira do prédio
Carmesim: faixa estreita entre o barracão na traseira e o
corpo principal do prédio onde estão as torres gémeas |
Nestas duas FOTOS 2 e 3 também acho que não se consegue ver o que estaria na parte "carmesim", se o espaço (um corredor) entre o barração e o corpo principal do edifício estaria coberto por um telhado horizontal ao nível do tecto do 3o piso ou se estaria descoberto. Note-se que ao tempo dos Lazarus, se o salão = estúdio da FOTO 1 estivesse na posição da ESTIMATIVA 2, não podia haver entre o barracão e ocorpo principal um telhado opaco pois não permitiria a iluminação do seu lado direito (ou leste) como aparece na FOTO 1.
Então com as três fotos que vimos aqui não se consegue provar que o barracão "roxo" na traseira do 3o piso da secção norte do prédio Pott tenha realmente sido o do salão = estúdio dos Lazarus e, se o foi, que a ESTIMATIVA 2 HoM para a sua orientação no prédio esteja correcta ou não. Quanto ao vidro na parte do telhado do salão = estúdio do lado leste = torres gémeas podemos por a hipótese de que ele tenha sido substituido por material opaco quando o barracão "roxo" deixou de ser usado como estúdio fotográfico. Mas não tenho informação de que isso tenha acontecido pelo que seria necessário um texto preciso e/ou boas fotos do exterior do estúdio dos Lazarus nos tempos iniciais e / ou do barracão na traseira do 3o piso para se avaliar essa hipótese.
Note-se que nesta foto do artigo 10/12 vê-se o barracão do lado oposto ao da FOTO 3 e mais ou menos no mesmo estado. Mostrava aí três janelas abertas do lado virado a poente as quais presumo que terão sido abertas após as suas utilisação nos primeiros anos como estúdio de fotografia.
A análise do caso continua no próximo artigo e nos seguintes.
A análise do caso continua no próximo artigo e nos seguintes.
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