Missão Suíça em Ricatla: H A Junod aí e noutros locais (2/5)

Coninuo o artigo anterior sobre a missão suíça, cristã reformista / protestante / luterana, seguindo a biografia "Henri-A. Junod, Missionnaire et Savant, 1863-1934" e durante a sua terceira estadia em África de junho de 1904 a julho de 1909.
Vimos aí duas fotos de 1907/08 e a seguinte é também da estação de Ricatla, com a mesma construção por trás e com missionários europeus e membros africanos da congregação. Esta foto foi tirada em 1908 e por isso depois da inauguração do edifício em novembro de 1907, neste caso por ocasião de um sínodo da igreja ou seja de uma reunião maior do clero:
Participants in the synod in Ricatla, Mozambique, 1908 USC

A legenda da foto de cima é: "Synod in 1908, Rikatla [Ricatla]. Photograph of the participants in the synod of 1908 in Ricatla. In the second row, in the center, Samuel Bovet, Henri Alexandre Junod, Mrs Junod and Paul Berthoud. In the background, a building of the station". 
É interessante notar que quando H A Junod (1863 - 1934) chegou a África pela primeira vez em 1889, Paul Berthoud (1847 - 1930), o senhor de barba branca na foto de cima,  que tinha começado pelo Lesotho em 1873 e tinha depois passado pela África do Sul, estava já estabelecido em Moçambique desde 1887. O relatório "Explorações Portuguesas" de 1890 dava já nota do impacto da actividade da missão suíça nos locais isolados por onde Freire de Andrade e Matheus Serrano passaram nas suas explorações geográficas desse ano e que ficavam várias centenas de kilómetros para noroeste da cidade. No entanto pelo seu relato a sociedade africana reagia com certa reserva aos ditames da igreja (como se pode ver também nos relatos que os próprios missionários suíços fizeram desses tempos): "O chefe de Chisseca apontou-nos uma árvore frondosa sob a qual estivera há dois annos (?) abrigado durante alguns dias o missionário protestante que em Lourenço Marques tem causado uma verdadeira revolução nos hábitos e moralidade dos indígenas, Paul Berthoud. Não surprehendeu porque já em Melele, nas margens do rio Pafuri, tinihamos encontrado vestígios da sua passagem. Aos esforços que este missionário fez para chamar proselytos respondiam os (negros) «que fariam tudo quanto quizessem, menos deixar de beber e de ter as mulheres que lhes aprouvesse». Alem d'este padre nenhum outro estrangeiro passou por Chisseca nos últimos vinte annos. Conta o chefe que, quando rapaz, passara por aqui um inglez chamado John, que andava á caça dos elephantes.
No dia 26 chegaram ao nosso campo dois (negros) fallando bem o inglez e que se diziam empregados por um missionário residente ao torto do Limpopo. Eram como que ajudantes d'elle, que faziam os primeiros trabalhos de propaganda religiosa. Passaram o dia com os nossos (negros), partindo na manhã seguinte. Durante a noite leram uns bocados da biblia em landim, depois do que entoaram durante muitas horas cânticos religiosos que eram acompanhados pela maioria dos (negros) que trazíamos de Lourenço Marques".
Este texto relativo a 1890 deixa no entanto uma certa dúvida sobre se em parte se referirá a um evangelista africano formado primeira missão suíça na África do Sul e que se decidiu autonomizar e que tinha estabelecido essa dissidência na zona do Limpopo por isso antes da igreja ter lá chegado oficialmente.
Vejamos agora uma foto bucólica e ternurenta de H A suponho com a sua segunda esposa Hélène (isto é que a foto seja de 1904 ou posterior e de durante a terceira estadia de H A Junod em África que foi de junho de 1904 a julho de 1909). 
Henri Alexandre Junod on a walk with his wife, Ricatla (USC)

Segundo a legenda o casal estava no canto a NW da propriedade que era o que ficaria do lado da casa de missionários que aparecia nesta foto, casa essa que no entanto  não se consegue lobrigar nem para o fundo da foto de cima. Apesar das fotos falta-nos a noção de qual seria a área total da estação e que parte seria ocupada pelas suas construções principais.
Continuo no próximo artigo o acompanhamento da vida de H A Junod, primeiro ainda em na terceira estadia em Ricatla até julho de 1909, depois na Suíça entre o resto de 1909 e 1913, seguindo-se a quarta estadia em África ainda em Ricatla entre 1913 e 1920 e nos primeiros anos após o seu regresso definitivo à Suíça.

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