Facobol na Av. de Angola e na Malhangalene de LM, actual Maputo (2/2)

FOTO 1
Fábrica Colonial de Borracha na Av. de Angolade

Continuando o artigo anterior em que vimos imagens dum filme de 1952 e nos referimos à entrevista ao AHM da Sra. Felizmena que trabalhou na Facobol desde 1949 até pelo menos 1981, vemos em cima as segundas instalações dessa companhia, depois de ter saído das da Malhangalene. 
Já tinhamos falado desta fábrica aqui, ela fica do lado poente da avenida (aqui vê-se ainda o seu nome e nota-se o grande comprimento das instalações para trás da fachada) e por isso a FOTO 1 é do fim da tarde. Para além da fábrica pode também observar-se na foto um camião cisterna dos bombeiros de aspecto antigo (todavia não parecia ser nenhum destes) mas a foto pode ser mais moderna do que ele era. Vemos também bombeiros mas pelas suas atitudes parece que não estavam a enfrentar nenhuma calamidade.
Agora mostro a digitalização dum artigo de papelaria de antigamente com publicidade à firma:

IMAGEM 1
Mata Borrão publicitário da Facobol

É a seguinte a informação bastante desenvolvida sobre esta companhia no Livro De Ouro de Maria Helena Bramão publicado em 1970. Nota-se aí a evolução da fábrica da linha inicial de produtos de borracha com o complemento dos produtos em plástico. 
Se na entrevista à Sra. Felizmina que mostramos no artigo arterior é de ter em conta a envolvente "República Popular", nos textos de MH Bramão é de ter em conta a ideologia do regime corporativo do Estado Novo que os condicionava e como eu já disse antes um tom bastante acrítico de MH Bramão em relação à informação empresarial que recolhia. De facto suspeito que os artigos no livro fossem publicidade que era paga a MH Bramão e não um trabalho jornalístico feito para ser vendido como tal, mas de qualquer modo MH Bramão concentrou bastantes dados sobre essa época que não se encontram alhures e neste caso da Facobol esse enviesamento nem será dos mais gritantes.
"A FACOBOL - pioneira da sua indústria - foi fundada em 1942, com o capital de seiscentos contos, que mais tarde se elevou para doze mil contos. Na Facobol fabricam-se variados produtos, dos quais destacamos:
Calçado de lona vulcanizada e prensado; sapatos de cabedal com sola sintética, artigos para tarmacra (HoM: farmácia?), tais como sacos, tubos para irrigadores, tetinas, chupetas, etc ; bolas (;?)- pasta para recauchutagem; câmaras de ar para bicicletas; uma grande variedade de artigos para as mais diversas industrias, para aviões, caminhos de ferro, etc. A Facobol também tem uma secção de plásticos com variados artigos de polietileno e em P.V.C.
Os produtos da Facobol, pela sua excelente qualidade e perfeito acabamento, têm grande
preferência, sendo os seus materiais largamente utilizados em importantes construções feitas
na Província, não so em organizações particulares, como do Estado.
Alguns números que a Facobol nos forneceu, referentes ao ano de 1964 demonstram o seu vasto contributo económico:
Pasta de borracha - 790 toneladas.
Calçado de lona vulcanizado - pares produzidos: 133 mil
Calçado de lona prensado - pares produzidos: 602 mil
Calçado de cabedal - pares produzidos: 103 mil.
Botas para pescador - pares produzidos 8787.
Bolas - 69 mil.
Câmaras de ar para bicicletas: 321 mil.
Pasta para recauchutagem: 82 toneladas.
Vendas feitas em 1964: 42 mil contos.
Ordenados despendidos no mesmo ano: 5326 contos.
Na laboração dos seus produtos, a Facobol emprega algumas centenas de operários, aos quais presta toda a assistência médica, com médico, enfermagem e medicamentos, sendo extensivo a suas famílias o serviço clínico e de enfermagem.
Aos empregados são concedidas férias na Metrópole (HoM: subentende-se deste facto que empregados eram os trabalhadores de origem europeia, operários devia ser os de origem africana).
Por tudo quanto fica exposto se avalia do lugar de relevo que a Facobol ocupa no campo industrial e económico da Província, muito contribuindo para a sua valorização e progresso, do qual, muito justamente, se poderá orgulhar".
Esta é a imagem desta indústria que ilustra o Livro De Ouro de Maria Helena Bramão:

FOTO 2
Fachada do edifício da Facobol, que a ser altura passou a ser
Fábrica Continental de Borracha

Comentários