Porto de LM no início - pontes para W da Alfândega a partir de 1887 (7/)

Republicado
Na FOTO 1 vê-se a descarga de material para a construção da linha de caminho de ferro de Lourenço Marques (LM, actual Maputo) a Ressano Garcia. Assim esta foto de Fowler deve ser de final de 1886, início de 1887 o que também foi pouco tempo antes do início da construção do cais da alfândega em pedra. Por essa altura havia uma primeira ponte feita sobre o estuário na zona da Alfândega mas não era suficiente para descarregar o peso, tamanho e volume de carga dos materiais e equipamentos que eram importados para a construção do caminho de ferro e o futuro Cais da Alfândega estaria no início de construção (ver artigo 18). Por isso a concessionária da linha (de McMurdo) foi obrigada a fazer uma ponte especifíca para os seus desembarques.
Para a primeira foto Fowler estava do lado de LM e olhava para a margem da Catembe:

FOTO 1
Ponte, que parecia ainda em construção, na praia
 do estuário do Espírito Santo, actual Maputo.

Vê-se na FOTO 1 dois vapores fundeados no estuário que deviam fazer transportes de material para a construção da linha. No primeiro o seu pau de carga parece estar a operar para uma embarcação quase acostada. Esses vapores não podiam atracar directamente nesta ponte, que para mais e pelo que se vê só podia ser usada na maré cheia. 
Para a FOTO 2 seguinte Fowler tinha passado para a direita = oeste da ponte da FOTO 1 e estava virado para leste, lado da ligação entre a baía e o estuário. Podemos ver os materiais (e/ou equipamentos) descarregados utilisando a ponte sendo organisados à esquerda numa zona que devia já ter sido aterrada tendo em conta um muro de suporte e à direita a descida de nível para a praia natural. Ao centro vemos ainda carris de linha férrea presumívelmente a chegar até à ponte (mas só em 1887 chegaram as locomotivas que foram transportando os materiais importados, a partir deste ponto, para a construção na frente de linha), o muro de suporte/paredão ao longo do estuário, a ponte de cima do lado oposto e o estuário nesse momento com a maré vazia. 

FOTO 2
Vista para leste = nascente com o estuário já limitado por um muro de suporte à direita

Segundo Alfredo Pereira de Lima na obra História do Caminho de Ferro esta ponte sobre o estuário feita pela Delagoa Bay & Eastern African Railway de McMurdo era de travessas de madeira assentes em cilindros de ferro cravados na praia, tinha 80 metros de extensão, 80 cm de largura e uma via férrea assente no tabuleiro.
Passando para uma ponte diferente, veremos nas três fotos seguintes uma ponte chamada embarcadouro ou desembarcadouro que ficava 
uns 100 metros para poente = oeste do cais da alfândega. Embora o período de tempo coberto por essas fotos deva ser de uns meros dez anos e em torno de 1900, essa ponte aparecerá aqui com pelo menos três versões diferentes.

FOTO 3
legenda de APL: desembarcadouro em 1895 (original era LM jeter = projecção)

A FOTO 3 foi certamente tirada da Ponte da Alfândega para noroeste e como a ondulação vinha da baía que fica à "direita" da FOTO 3 o Cais da Alfândega (plataforma de pedra) servia de quebra mar protegendo este desembarcadouro. 
Ao fundo da FOTO 3 está a parte ocidental da Baixa cidade na marginal do estuário e onde é a actual Av. M. de InhamingaO coberto à direita é o primeiro do cais da alfândega pelo que o desembarcadouro ficava uns 150 metros para poente = oeste desse cais. Para o fundo à esquerda vê-se os primeiros pavilhões dos caminhos de ferro (CF) que continham as oficinas  (mas aqui está só um deles com uma porta aberta), repartições e dependências. Certamente a primeira estação estaria mais para o fundo e na zona em que se vê outra ponte no estuário. A sua posição devia corresponder à das FOTOS 1 e 2 mas nesta foto era uma ponte diferente, mais alta e com pilares mais finos.
Mudamos agora para vistas para nascente = leste (ao fundo está o promontório da Ponta Vermelha) ainda na zona do desembarcadouro, um pouco a oeste do Cais da Alfândega e à esquerda vê-se o muro de suporte ao longo do estuário. Acima do nível do muro está um armazém que apesar da perspectiva a 3 dimensões da foto ser difícil de perceber suponho que estivesse antes do CA, o qual ficava a sul da Praça 7 de Março. Presumo que esse armazém da FOTO 4 fosse o que aparecia aqui à esquerda, o que aparecia à direita ainda não existia ao tempo da FOTO 4. Na FOTO 4 via-se a plataforma em alvenaria do Cais da Alfândega com mercadorias depositadas mas o seu lado virado a oeste (W) estava nesse momento sem guindastes. Mais para o fundo vê-se o canto sudoeste da fortaleza bastante diferente do que existe actualmente.

FOTO 4
Embarcadouro (ponte de madeira) aparentemente na mesma posição 
mas aqui muito diferente do da  FOTO 3  

Como vimos nesta foto, na direcção do extremo do armazém aí marcado a "verde claro" em vez do desembarcadouro da FOTO 4 e cerca de 1903 tinha passado a existir uma rampa que devia ser em alvenaria.
Para finalizar outra versão do embarcadouro, esta com combinação de pilares de secção rectangular de alvenaria e de estacaria cilindrica parece que de madeira e de que de não sei bem a data mas será de cerca de 1900:

FOTO 5
(des) Embarcadouro em primeiro plano

Na FOTO 5 mais para o fundo vê-se o Cais da Alfândega com o lado a oeste da plataforma de alvenaria onde estavam 3 guindastes juntos, e a Ponte da Alfândega que se projectava a partir daí e do seu lado a ponte para o estuário, onde estava um só guindaste, certamente menos poderoso.
Penso que neste artigo as fotos estão organisadas cronológicamente, partindo das 1 e 2 mais antigas (de cerca de 1886) à 5 mais recente (de cerca de 1900). Mas enquanto no embarcadouro aconteceu a evolução vista das FOTOS 3 à 5, podemos observar que ao fundo da FOTO 5 a plataforma do cais da alfândega mantinha os mesmos guindastes a vapor que lá sempre vimos.
Série completa aqui sobre o desenvolvimento do porto até ao início do século XX. 

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