MR - Teatro Manuel Rodrigues de LM - outros salões (VIII)

Adaptando do livro de António Rosado "Uma Obra" publicado em 1958 e por isso as fotos antigas neste artigo são anteriores a Junho de 1958. Já vimos a sala de espectáculos e o átrio (aqui e aqui) e veremos agoras outras duas salas do Teatro Manuel Rodrigues (TMR) de Lourenço Marques, actual Cine África de Maputo com trabalhos de decoração do Mestre José Mergulhão de que dissemos também aqui fez a decoração do projecto e estava previsto que fosse o criador de cenários para as actividades artísticas a realizar na sala.
Primeiro o salão de chá com texto de António Rosado: "O salão de chá do primeiro andar (Solar), aconchegado e fresco, recebendo luz quebrada pelas persianas de cimento que fazem parte da arquitectura da fachada, é um perfeito achado na concepção, nele se destacando o mobiliário e dois frescos, da autoria de José Mergulhão (do mesmo artista são todas as decorações e pinturas murais), nos nichos que sugerem varandas, os quais são perfeitissimos de luminosidade e cor. 
O teatro tem entrada para a plateia e balcão pelo átrio, directamente mas do salão de chá também se atinge o balcão pela escada que se uniformiza com o estilo solarengo, de ferros forjados nos candeeiros, nas mesas e cadeiras, no corrimão, nas grades das varandas e das portas".


FOTO 1
Salão de chá no primeiro andar (solar) em foto dos últimos anos

Com a descrição de António Rosado conseguimos agora localizar essa sala olhando para a foto de cima provávelmente de Filipe BranquinhoÀ esquerda é a fachada principal e por isso no ponto onde foi tirada esta foto estamos sobre as bilheteiras ou a plataforma da entrada à sua frente e mais para a direita deste salão estaríamos sobre o átrio frente às escadarias para a plateia, respectivamente aqui na FOTO 1 e aqui nas FOTOS 1, 2 e 5. Como vimos antes na FOTO 3 da última ligação ao fundo do átrio à esquerda há uma escadaria que irá dar ao corredor que passa onde está a coluna com dois tons de verde frente à porta que se vê ao fundo deste salão, corrredor esse que conduzirá a uma entrada para o balcão mais para a direita. O outro acesso ao balcão que António Rosado refere seria pela porta dupla vermelha à direita e ao cimo da escada interna. O resto que António Rosado descreve aparece na imagem incluindo os dois frescos, o do fundo parece mostrar um deus na núvens mas o tema  do mais próximo acho que não se discerne. Temos então aqui um caso de pelo menos razoável preservação do edificado mas veremos na foto seguinte que o mobiliário original em ferro forjado desapareceu 
Outra vista então do mesmo salão do TMR agora com a fachada principal do edifício à direita e a entrada directa para o balcão da sala de espectáculo à esquerda:

FOTO 2
Salão de chá no primeiro andar (solar) em foto antiga 

Passamos ao segundo salão deste artigo com o texto de António Rosado sobre o café do TMR que fica no rés do chão do lado direito para quem entra no cinema (visível aqui na foto de cerca de 1985):
"O café, espaçoso e claro, está decorado com pinturas murais representando motivos minhotos. Ao fundo, encimando o balcão, uma latada corn as suas folhas largas e verdinhas, dando frescura e ineditismo. Combinam com o ambiente os cortinados e o mobiliário, que é uma adaptação do tipo zambeziano aos costumes e à paisagem do Minho".

FOTO 3
Café do Cine Teatro Manuel Rodrigues

A FOTO 3 foi tirada junto ao corredor que vinha da porta de entrada do café que lhe ficaria para a direita. Ao fundo à direita da coluna que tapa a vista sobre a esquina a sudeste do edifício, vê-se a pintura na parede interior da fachada principal e que ficava por isso para a esquerda da porta de entrada. O balcão do café devia ser para a esquerda da foto e não se vê (não faço ideia como seria a "latada" que em princípio seria um desenho com plantas tipo videira) e na foto onde estão as janelas com cortinados era a parede a leste do edifício que dava para um corredor no exterior ladeando a Casa da Saúde da Maxaquene.
Não temos foto recente do interior do café para comparar com a FOTO 3 mas temos a FOTO 4 mostrando a vidraça entre o átrio, mais elevado devido à escadaria subindo a partir do passeio, e o café que fica a nível mais baixo e que não se vê devido ao efeito de espelho. Tinhamos visto esta vidraça ao longe por exemplo na FOTO 2 deste artigo sobre o átrio / lobby:

FOTO 4
Vidraça decorada entre o átrio e o café.

Na foto de cima a escadaria e uma das portas para a plateia aparecem reflectido no vidro. A parte onde esta o tambor colorido corresponde ao ponto onde esteve o pedestal com o busto de Manuel Rodrigues. 
Outras partes do edifício e não sei bem para certos elementos do edifício e particularmente dos salões que vimos aqui o que terá sido responsabilidade do arquitecto Rodrigues da Silva ou do decorador José  Mergulhão:

FOTO 5
Escadaria para o balcão e casa de banho

FOTO 6
Tijoleira na casa de banho
Termina aqui em princípio esta série sobre os Cine Teatros construídos até 1948 em Lourenço Marques, actual Maputo pela empresa fundada por Manual Augusto Rodriques cerca de 1900. Noutro artigo falámos já do Cinema Infante construído nos anos 60.

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