Porto de LM: fotos de Forman de 1961, camiões e guindastes (2/3)

Neste artigo usaremos fotos de Harrison Forman da colecção da Universidade de Wisconsin Milwaukee (UW-M) tiradas em 1961. Estas são algumas das muitas que tirou no porto de Lourenço Marques, actual Maputo e dizem mais respeito a camiões as primeiras e a guindastes as segundas, que são temas acessórios mas interessantes. 
Este camião parecia estar a descarregar (ou a carregar) sacos dum dos armazéns do porto, vendo-se a uns 100 metros para a esquerda a fila de guindastes que ficavam junto ao cais.

FOTO 1
Camião antigo segundo um leitor de marca Bedford, com matrícula LM

Outra foto parece-me que na mesma zona onde se armazenavam sacos de algum produto agrícola pois tinhamos visto este camião da União Comercial de Moçambique ao fundo da foto do artigo anterior com os sacos de copra:

FOTO 2
Camião International Harvester deste tipo 
mas neste caso sem os pisca-pisca salientes no capot

Pode-se ver aqui que ele se parecia com o L 180 de 1950 mas parece-me que as letras na carroceria são mais S 180 o que significara uma variante mais actualizada (aqui S 152). A International Harvester era uma marca americana que também se dedicou a equipamento agrícola e depois duma série de crises a parte dos camiões parece que se chama agora Navistar.
Agora o chassis dum camião duma marca que eu desconhecia - Foden - mas que se descobre foi uma empresa inglesa que se especializou em camiões. Depois de uma fase final problemática particularmente a partir da crise petrolífera de 1973 e de a companhia ter sido adquirida a fábrica acabou por encerrar em 2006.

MONTAGEM 1
Cabine de camião articulado Foden, que devia ter sido
importado ou despachado através da Manica Trading

Parece-me que a cabine era básicamente do modelo de que se vê em baixo um exemplar exactamente do mesmo ano (1961), o qual me parecia também ser igual ao de 1958.


MONTAGEM 2
à esquerda: Foden S20 Flatbed (1958) da Wikimedia commons
â direita: 325 Foden S20 Flatbed (1961) de Robert Knight no flickr

Passemos aos guindastes do modelo diferente dos tradicionais usados no porto (ver aqui os dos anos 30/40) e de que se vê um na FOTO 1 à esquerda. Podemos vê-los em grande plano na montagem seguinte:

MONTAGEM 3
Guindaste MAGUE de Alverca, Portugal

A MAGUE (segundo a revistagira existiu entre 1952-1994) foi uma empresa metalo-mecânica portuguesa especializada em gruas ou guindastes - aqui na grua do estaleiro da Lisnave. Depois de se ter equipado o porto de Lourenço Marques com guindastes de fabrico estrangeiro, nos anos 50 a indústria portuguesa deve ter atingido nível tecnológico suficiente para concorrer e vencer o que presumo tenha sido um concurso internacional organizado pelos CFM para a sua aquisição.
Podem-se ver desses guindastes de desenho muito moderno nesta foto que foi tirada do convés dum navio atracado no porto:

FOTO 3
Guindastes da MAGUE à esquerda no cais, um ao lado do navio e outro para fundo

Na FOTO 3 o cais está à esquerda por isso para o fundo da imagem seria a entrada no porto, quer dizer para leste = nascente = oriente deste local. 
Suponho que foi do mesmo navio da FOTO 4 que Forman tirou a foto seguinte que a partir do que se vê no exterior do porto nos permite posicionar-mo-nos no seu interior.

FOTO 4
ao centro esquerda: barracão da plateia do teatro Varietá
no local dos depois cinemas Dicca e Estúdio 222
prédio creme para a direita: suponho que torre da Estatística vista de trás 

mais o edifício do Arquivo Histórico
ao centro: lados do prédio do actual Ministério do Comércio 
virados para 
a Travessa do Varietá e Av. M. de Inhaminga (Organismos Económicos)

Do que indiquei na legenda como pontos de referência em relação ao exterior, podemos estimar que o ponto do cais donde a FOTO 4 foi tirada devia ser mais ou menos na direcção da actual Rua da Mesquita, antiga Salazar (por aqui no Google Maps). 
Podemos ver também que à direita da FOTO 4 se vê o coberto em chapa de ferro zincado que se via na FOTO 1, mas aqui quase do lado diametralmente oposto. Então o armazém moderno e alto e com telhado a duas águas que nesta FOTO 4 está para o fundo desse armazém antigo era o armazém de que se via o canto à esquerda da FOTO 1, fechando-se assim o pequeno círculo entre estas fotos. Pode-se ver esse coberto nesta foto que mostra que ficava imediatamente para oeste da terceira posição para  armazéns contada a partir da Doca da Capitania o qual em 1937 na foto de Mary Meader estava a ser usado para guardar mercadorias a descoberto, o que em parte continuou depois a fazer-se como se observa na FOTO 4 para cá = oeste do coberto.

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