Urbanização da encosta da Maxaquene - vistas da Av. 24 de Julho e uma a partir de baixo (9/)

A FOTO 1 tirada do prédio do Pigalle para poente = oeste mostra a secção central da Av 24 de Julho em Lourenço Marques, actual Maputo que ao ser traçada interrompeu (ou limitou) na sua faixa de cerca de 40 metros de largura total o declive da encosta da Maxaquene para a barreira. Essa encosta inicia-se ao nível da Av. Pinheiro Chagas, actual Mondlane que estaria para a direita da FOTO 1 que provávelmente é do fim dos anos 50

FOTO 1
Avenida 24 de Julho vista para o lado do Alto-Maé no actual bairro Central-B
Na FOTO 1 em primeiro plano a Av 24 de Julho está na parte mais íngreme e final da sua subida para a Polana. Na direcção contrária, olhando-se ao longo dela para o fundo = poente aparece o limite da cidade (mais concentrada) de cimento, o bairro do Alto-Maé. 
Vamos então ver como esta FOTO 1 se relaciona com os terrenos colocados à venda em 1944 na encosta da Maxaquene entre a Av. 24 de Julho a norte e a Av. Brito Camacho, actual Lumumba a sul (duas das avenidas "horizontais" da cidade paralelas ao estuário) e entre o prédio do Pigalle para nascente = leste e a Rua Pero de Alenquer, actual Cabral do lado leste da qual fica o referido Hotel Santa Cruz. Recordo a seguir o respectivo anúncio com esses terrenos marcados às riscas (mostro-o na mesma direcção da FOTO 1):

ANÚNCIO de 1944 (ver aqui)
Seta púrpura (vertical): direcção aproximada da vista na FOTO 1
Verde claro: Av. 24 de Julho, aqui a norte = nível mais elevado de terreno
Rosa: Rua D. Almeida Ribeiro, limite a leste do novo bairro
Branco: Rua Neutel d'Abreu, actual Sidumo
Azul claro: Av. Pero de Alenquer, actual Cabral
Verde escuro: Rua Sá de Miranda, actual Metical
Cruz castanha escura: terreno livre à esquerda na FOTO 1, ver na FOTO 2
Círculo carmesim: Hotel Santa Cruz, de que se vê a fachada lateral a leste na FOTO 1
Setas roxa, laranja e linha azul escura: ver explicação a seguir e na FOTO 2
Laranja claro: Av. Miguel Bombarda, depois Brito Camacho, actual Lumumba
Vermelho: Av. Andrade Corvo, actual Min
Preto: Rua Fernandes da Piedade, actual Issa
LInha roxa: Av. Elias Garcia, actual Lenine
Em primeiro plano na FOTO 1 vê-se um prédio streamline com um corpo avançado arredondado no piso superior, forma que é acompanhada no terraço por uma cobertura e parapeito. Esse prédio é o que está marcado com a seta roxa no anúncio. Na FOTO 1 o prédio mais alto a seguir, também à esquerda = sul é o do Hotel Santa Cruz e fica na esquina a sudeste do cruzamento da Av. 24 de Julho com a actual Av. Cabral e está marcado com a oval carmesim no anúncio. Neste vemos que os terrenos vendidos em 1944 ficavam para sul = esquerda do que pareciam ser armazéns face à Av. 24 de Julho que devem ter sido depois substituidos pelo prédio streamline da FOTO 1 e seus vizinhos para leste e que veremos nas FOTOS 2 e 3. No quarteirão a seguir para poente = oeste - que é o do Hotel - esses terrenos tinham o limite a norte um pouco mais afastado da Av. 24 de Julho. Isso significa que na FOTO 1 devemos estar a ver terrenos imediatamente acima = norte dos do loteamento de 1944 mas como em termos de estilo de construção não se nota grande diferença entre os edifícios que assumo que os terrenos devem ter também sido comercializados pouco depois de 1944 e entrado em construção sem muita delonga.  
A foto seguinte com vista para sul - sudoeste e dos anos 60 e em que a Av. 24 de Julho passa na transversal descendo da esquerda (Polana) para a direita (bairro Central), capta não só a zona acima da urbanização vista na FOTO 1 como também o seu interior pois tem um ângulo diferente do da FOTO 1:


FOTO 2 
Verde claro: eixo da Av. 24 de Julho
Branco: Rua Sidumo, antiga Neutel de Abreu na intersecção com a Av. 24 de Julho
Cruz castanho escura: terreno vazio nessa esquina
Seta roxa: prédio com construção streamline no terraço nessa esquina da FOTO 1
Seta laranja: outro prédio mais ou menos simétrico ao anterior
Linha azul escura: prédio mais moderno que a urbanização de 1944,
antes = para oeste do prédio do Pigalle
Seta amarela: vivenda streamline na esquina sudoeste das actuais Sidumo e Min
Seta preta: prédio dos anos 50 recentemente renovado
Seta carmesim: na direcção do Hotel Santa Cruz (circunferência carmesim)
Linha castanho clara: Rua Mariano Machado, actual Crisanto
Seta rosa: prédio do Teatro Avenida na Baixa
Finalmente a mesma zona da encosta da Maxaquene vista mais ou menos na mesma direcção que a FOTO 2 mas em sentido oposto.


FOTO 3
Vista para norte, com a mesma legenda da FOTO 2 para o que é relevante
Av. 24 de Julho e a alta da cidade para a parte superior da foto
Como se via nos anos 60 o trecho a sul da Av. 24 de Julho com os três edifícios acima assinalados (setas roxa e laranja e traço azul escuro) era muito arborizado e continua a sê-lo pelo que não é muito visível a partir da avenida. No entanto pela imagem de Google Earth parece-me que o edifício da seta roxa foi demolido e substitúido por prédio maior mas para os outros dois não terá havido modificação e pode ver-se claramente que o terreno da cruz castanha continua vazio. Vê-se também muito bem na FOTO 3 o depósito subterrâneo de água para lá da Av 24 de Julho (ver aqui nas primeiras imagens).
As FOTOS 1 e 3 devem ser do final dos anos 50 e anos 60 e são de autoria de Carlos Alberto Vieira e foram publicadas no álbum "Recordações de Lourenço Marques" à venda pela internet - editora Alêtheia.
No artigo seguinte veremos mais da urbanização da encosta da Maxaquene a partir do Prédio Pigalle como na FOTO 1 mas olhando-a mais em direcção a sul. 

Comentários