MR - novo Teatro Gil Vicente de LM - planos e resumo (A/)

Continuando a nova série sobre os cinemas do empresário Manuel Rodrigues em Lourenço Marques (LM), actual Maputo agora uma adaptação do texto e fotos de António Rosado do seu livro uma "Uma Obra" a ele dedicado e publicado em 1958. No artigo anterior tinhamos visto que o primeiro Teatro Gil Vicente tinha sido destruído por incêndio em 1931 e a parte do livro que apresento neste artigo (com pequenas adaptações) é relativa aos planos para o novo Teatro Gil Vicente e como estes foram realizados: 
"Seis meses depois do desaparecimento do primeiro «Teatro GiI Vicente», aparecia nas colunas do jornal «Noticias» (Abril de 1932), a primeira revelação sobre as intenções de Manuel Rodrigues. Dizia-se aí:: «Foi anteontem assinada a escritura de venda ao sr. Manuel Rodrigues, do terreno contíguo ao Campo Berman, onde vai ser edificado o novo «Gil Vicente». A planta do teatro já esta sendo elaborada por um distinto artista local e obedecerá aos mais modernos aperfeiçoamentos de conforto e acústica. A nova casa de espectáculos, que terá plateia, balcão e camarotes, ficará também apetrechada para receber companhias teatrais. A iluminação será feita por um processo novo inteiramente desconhecido em LM. O Sr. Rodrigues promete também importantes melhoramentos na parte técnica, de modo a proporcionar aos seus frequentadores verdadeiros espectàculos de arte."
«O imponente «Metro Theater», de Joanesburgo (HoM: aqui e aqui, de 2 800 lugares e demolido nos anos 70), cujo custo é de $250 000, e que será inaugurado em Novembro deste ano (1932), será, por directo reflexo, um benefîcio importante para o pùblico de LM, que poderâ ver, graças a ele e aos seus contratos, apenas com poucos meses de demora, as últimas novidades cinematográficas. LM ficará, assim, melhor servida do que algumas cidades da Europa. As obras do novo teatro, devem começar por todo o proximo mês». 
"A construção do novo teatro começou em ritmo apressado. Ali, em frente da «Porta Vasco da Gama» do Jardim Municipal, na Avenida Aguiar, desenhou-se o labirinto das fundaçôes e dai a pouco as paredes mestras do edificio começaram a ser levantadas. A cidade, de características essencialmente modernas, deveria ter, também, um teatro de linhas sóbrias, na simplicidade da arquitectura em voga e sem perder beleza. E o arcaboiço de pedra, cimento e vigas de ferro, começou a tomar forma, a ganhar volume, a crescer rápidamente, vigiado pelo engenheiro Francisco Cabral, responsável técnico das obras, Dâmaso da Gama, que desenhou o edificio, e Júlio Paula de Matos, que superintendia na execução dos trabalhos."
Novo «Teatro Gil Vicente» em fase de acabamento
E continuava António Rosado: "O Governador-Geral de Moçambique, Coronel José Cabral fez uma visita oficial ao novo edificio, já na fase de acabamento em 24 de Março de 1933. O teatro estava a ser construido de forma a satisfazer todas as necessidades modernas, com condiçôes acústicas que eram a última palavra para a época. O palco era enorme, e nele se poderia movimentar uma grande companhia, para a qual também havia os indispensâveis camarins; a sala de espectáculos foi considerada espaçosissima e muitissimo bem lançada, com a iluminaçâo feita por meio de candeeiros contínuos, correndo a todo o comprimento do teto."
Perspectiva da plateia do novo Teatro Gil Vicente
"O balcão também pareceu aos visitantes muito grande e elegante, deixando a impressão de que se estaria nele com grande conforto, quando guarnecido das cadeiras que estavam sendo especialmente fabricadas. E o salão de estar, do primeiro andar, de onde se disfrutava um belo panorama da cidade, as cabinas para as máquinas de projecção, o salão de chá no rés-do-chão, o átrio, os portões, as escadas para o balcão e camarotes, as decorações interiores, tudo mereceu do ilustre visitante ... palavra de aprovação. E no dia 8 de Agosto de 1933 o novo «Gil Vicente» foi inaugurado, com a maior solenidade."
Assistência no dia da inauguração oficial do moderno teatro
Uma vista do interior do teatro quase vinte anos depois da inauguração:
Teatro GiI Vicente em 1952 como sala de concerto. Zona do palco como se viam antes.
Poucos anos depois, vista da plateia, balcão e camarotes do novo TGV com a assistência de pé:
Em 1956 à entrada do Presidente de Portugal, General Craveiro Lopes
E finalmente uma vista do exterior:
A fachada iluminada do novo (segundo) Teatro Gil Vicente 
já com uma pequena extensão para a direita = norte
No artigo seguinte veremos com mais atenção a fachada principal e a sua iluminação em fotos antigas e veremos fotos recente do teatro.
Noutro artigo veremos a sala de espectáculo com mais detalhe.
Neste artigo vemos mais sobre o passado e evolução deste local.

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