Falaremos neste e no artigo seguinte do Cais das Estâncias, um cais ainda para batelões atracando os navios maiores no estuário ao largo dele e localizado para poente = oeste da Baixa da antiga cidade de Lourenço Marques, actual Maputo.
Começamos com três imagens de Santos Rufino publicadas em 1929 e as suas legendas originais seguidas pelos respectivos comentários do HoM.
FOTO 1
"Entreposto da Matola até onde se está a prolongar o Cais Gorjão"
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O Cais Gorjão ficava para o fundo à esquerda desta primeira foto. No Cais das Estâncias pelo menos a ponte que está em primeiro plano e penetra no estuário para sul parecia ter estacas de betão armado mas não dá a certeza. Como estas fotos foram publicadas em 1929 é possível que estas pontes não fossem já as do início do cais que como veremos em baixo num mapa em 1903 já existia.
FOTO 2"Batelões descarregando madeira para as Estâncias do Entreposto da Matola" |
Vê-se praia com areia desta parte do estuário do Espírito Santo na transversal do meio para cima da foto O armazém mais alinhado com a ponte mais próxima era da firma The Delagoa Bay (seria a Agency) e parece-me que um outro armazém para a direita = leste dele também. Ao fundo via-se a barreira da Malanga paralela à praia e uns 50 metros mais elevada.
FOTO 3
"Arrumação de material ferroviário no Entreposto da Matola" |
O referido material consistia de carris e nesta foto o estuário estava para o fundo, o que mostra que a zona de armazenamento do Cais da Estâncias até à barreira pelo menos nesta parte era larga.
Outra foto do mesmo local e que como era claramente ainda no tempo dos veleiros suponho que seja anterior às FOTOS 1 a 3:
FOTO 4
Estâncias de madeira (vê-se um ramal de linha férrea indo até ao cais) |
Comparando os respectivos armazéns ao fundo pode ver-se que a FOTO 4 foi tirada na mesma zona da FOTO 3 só que mais próximo do cais e estuário.
Estância em português quer dizer entre outras coisas armazém de venda de madeiras, materiais de construção, combustíveis, etc. Por isso e como se pode ver nestas fotos na maioria as grandes firmas aqui instaladas deviam comercializar madeira, mas deviam ser aqui também descarregadas e armazenadas peças de grande dimensão para serem depois distribuidas pelos clientes ou transportadas de combóio para o interior.
O mapa de 1903 confirma que este cais ao tempo das fotos de Santos Rufino de 1920 já existia há pelos menos 26 anos.
MAPA de 1903
Preto: Estância de Madeiras, com as respectivas pontes no estuário para sul /sudeste
Azul médio: ponte Neherlandesa = Cais Holandês
para poente da qual se criou o cais das Estâncias Castanho: ponte-cais Gorjão
Carmesim: Av da República, actual 25 de Setembro,
que terminava na direcção do Cais Holandês
Azul escuro: matadouro velho.
Verde claro: quartel da Polícia Montada no Alto Maé
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Os terrenos usados para a Estância de Madeiras resultaram de drenagem e aterro do pântano do Mahé que inicialmente devia encostar quase à barreira que é a faixa escura no mapa. Nesse mapa de 1903 pode-se confirmar que as estâncias ficavam na direcção da Malanga para poente=oeste da direcção do quartel e do centro do Alto (de) Mahé. Mas o nome Estâncias do Entreposto da Matola é enganador em relação à Matola tal como ela é localizada agora, uns kilómetros para noroeste deste local, embora históricamente talvez fosse correcto pois o régulado da Matola devia incluir toda esta zona.
A zona onde esteve o cais das estâncias foi mais tarde aterrada no que faltava para ficar na direcção da ponte-cais Gorjão e em 1967 foi aí construído o Terminal do Açúcar como se viu neste artigo e a antiga zona da estâncias actualmente é aqui.
Continuaremos com o Cais da Estâncias no próximo artigo prestando particularmente atenção aos nomes das firmas que por aí estiveram instaladas, fosse exclusivamente ou em combinação por exemplo com as suas lojas na Baixa da cidade.
Ver aqui cais das estâncias em 1937 em foto de Mary Meader.
Ver aqui cais das estâncias em 1937 em foto de Mary Meader.
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