Continuando com o tema iniciado no artigo anterior e com uma foto que deve ser do início do Cais das Estâncias.
FOTO 1
Foto Lazarus de entre 1899 e 1908 sem local identificado em Lourenço Marques (IICT) |
Depois de alguns "quid pro quos" é agora claro que a FOTO 1 mostra o Cais das Estâncias visto do seu extremo a nascente para o seu lado poente. Quer dizer para a frente na foto depois do centro e oeste do Cais das Estâncias tinhamos o Vale do Infulene e daí para o lado esquerdo temos a costa do Língamo / Matola. Iremos confirmá-lo em baixo com o MAPA e PLANO de 1909 em que a linha de costa (contornada a azul) ainda era a mesma que a do mapa de 1903 visto no artigo anterior mas aqui estavam planeados mais aterros do lado esquerdo (poente = oeste) para ampliação das estâncias. Estes eram armazéns que inicialmente estariam mais relacionados com a transação de madeira mas devem ter sempre incluido outros materias e/ou produtos..
Vê-se a partir deste mapa que a FOTO 1 foi tirada de onde se marcou a seta preta, um local bastante para dentro do estuário pois tinha sido do cais holandês construido cerca de 1890. Na FOTO 1, próximo e do lado de terra aparece o armazém Wilken(s) & Ackermann que sublinho no mapa a verde e está aí na posição mais ou menos correspondente. Para além disso ao fundo na FOTO 1 vemos uma ponte mais saliente que as outras que pelo parecia ser a organização com as maiores instalações neste local.
Para além dessas duas firmas vê-se no mapa mais nomes, esta esquematizado o desenho dos seus armazéns e penetrando no estuário várias pontes que suponho foram construidos pelos interessados, exclusivamente ou em parceria. Sublinhei no mapa também o nome doutras firmas que já conhecemos do lado nascente da cidade, casos do Allen Wack e Gerald Pott (ou Casa Holandesa).
Lembro que neste artigo sobre o fogo no porto de 1902 aparecia outra foto dos Lazarus que mostrava à esquerda um armazém comprido (a barreira da Malanga estava ao fundo nessa foto) que devia ser o situado mais a nascente do Cais das Estâncias. Esse armazém seria então o da firma Wilken(s) & Ackermann de que na FOTO 1 se vê a frente junto ao estuário e que como o mapa de cima mostra se prolongava daí para o interior das terras.
Menção à referida Wilken(s) & Ackermann não aparece nas duas fotos seguintes tiradas do cimo da barreira da Malanga, mas surgem nelas armazéns doutras firmas na sua face virada para o interior ou seja oposta à do estuário, Nas FOTOS 2 e 3 temos assim o antigo pântano em primeiro plano, depois as estâncias, depois o estuário com os navios ao largo e os batelões para transferir a sua mercadoria para o cais e ao fundo a costa da Catembe. Era deste lado interior das estâncias que passavam - vindas da Baixa da cidade - a linha de caminho de ferro para a África do Sul e a Estrada das Estâncias (ou da Namaacha), duas vias que estão na faixa acinzentada "horizontal mas inclinada" no MAPA e PLANO de 1909 de cima. Todas esta zona na (quase) actualidade aparece aqui no Google Maps, da Malanga até ao estuário já com a recente alteração da abertura do acesso à nova ponte aproveitando o espaço da antiga barreira.
Primeiro a FOTO 2 mais virada para o lado da cidade, que ficaria para a esquerda. Como disse antes, nesta foto vê-se alguns nomes de firmas que estão também no MAPA e PLANO de 1909 o que se deve explicar dado esses dois elementos serem mais ou menos da mesma altura e o mesmo acontecerá para a FOTO 3.
Para além dessas duas firmas vê-se no mapa mais nomes, esta esquematizado o desenho dos seus armazéns e penetrando no estuário várias pontes que suponho foram construidos pelos interessados, exclusivamente ou em parceria. Sublinhei no mapa também o nome doutras firmas que já conhecemos do lado nascente da cidade, casos do Allen Wack e Gerald Pott (ou Casa Holandesa).
Lembro que neste artigo sobre o fogo no porto de 1902 aparecia outra foto dos Lazarus que mostrava à esquerda um armazém comprido (a barreira da Malanga estava ao fundo nessa foto) que devia ser o situado mais a nascente do Cais das Estâncias. Esse armazém seria então o da firma Wilken(s) & Ackermann de que na FOTO 1 se vê a frente junto ao estuário e que como o mapa de cima mostra se prolongava daí para o interior das terras.
Menção à referida Wilken(s) & Ackermann não aparece nas duas fotos seguintes tiradas do cimo da barreira da Malanga, mas surgem nelas armazéns doutras firmas na sua face virada para o interior ou seja oposta à do estuário, Nas FOTOS 2 e 3 temos assim o antigo pântano em primeiro plano, depois as estâncias, depois o estuário com os navios ao largo e os batelões para transferir a sua mercadoria para o cais e ao fundo a costa da Catembe. Era deste lado interior das estâncias que passavam - vindas da Baixa da cidade - a linha de caminho de ferro para a África do Sul e a Estrada das Estâncias (ou da Namaacha), duas vias que estão na faixa acinzentada "horizontal mas inclinada" no MAPA e PLANO de 1909 de cima. Todas esta zona na (quase) actualidade aparece aqui no Google Maps, da Malanga até ao estuário já com a recente alteração da abertura do acesso à nova ponte aproveitando o espaço da antiga barreira.
Primeiro a FOTO 2 mais virada para o lado da cidade, que ficaria para a esquerda. Como disse antes, nesta foto vê-se alguns nomes de firmas que estão também no MAPA e PLANO de 1909 o que se deve explicar dado esses dois elementos serem mais ou menos da mesma altura e o mesmo acontecerá para a FOTO 3.
FOTO 2 - "norte" para a parte inferior
Amarelo: MARTIN BUDD, como no MAPA e PLANO de 1909.
Vermelho: DELAGOA BAY AGENCY, como no MAPA e PLANO de 1909
Laranja: ALLEN WACK, como no MAPA e PLANO de 1909
Carmesim: ARTHUR KOPPEL, aí no mapa estava BOCKS & DENKS,
pode ter mudado de proprietário entretanto |
Para além dos nomes comuns com a excepção referida na legenda, pode ver-se que as posições lado a lado do ALLEN WACK, MARTIN BUDD e DELAGOA BAY correspondem no mapa e na foto.
A FOTO 3 seguinte dá a vista para a parte mais a poente = oeste do Cais da Estâncias, a que ficava do lado oposto ao Cais Holandês donde foi tirada da FOTO 1. A FOTO 3 mostra então mais da área que no MAPA e PLANO de 1909 estava prevista para ampliar as estâncias. À esquerda da FOTO 3 conseguimos ainda ver parte das instalações da DB AGENCY (sede na Baixa aqui) mas vê-se principalmente o ARTHUR KOPPEL que estava também na FOTO 2 (o armazém que nesse mapa estava sob o nome BOCKS AND DENKS) e os armazéns instalados dele para a direita = poente = ocidente, incluindo alguns representados para a esquerda do mapa e que estavam foram de vista na FOTO 2.
FOTOS 3 - norte para baixo
Carmesim: ARTHUR KOPPEL como na FOTO 2,
mas nesse local no MAPA e PLANO de 1909 estava BOCKS & DENKS, Branco: rua de acesso do interior ao estuário como nesse mapa.
Verde claro: espaço que corresponde ao TRUSTEE WEEDEN desse mapa
Cinzento: espaço que corresponde ao DE WALL desse mapa
|
A composição ferroviária à vista na FOTO 3 parecia estar a saír das instalações da ARTHUR KOPPEL e a tomar a linha principal em direcção a Ressano Garcia e Pretória. Para os dois últimos armazéns para a direita = poente da FOTO 3 há correspondência do seu desenho e tamanho com o que marquei no MAPA e PLANO de 1909 também a verde claro e a cinzento, mas na foto não aparecem placards com os nomes dessas duas firmas. Noto ainda que na FOTO 3 ao fundo e para a direita dos muros no limite dos armazéns parecem fazer-se aterros como os que estavam previstos no MAPA e PLANO de 1909 para se expandir as estâncias para poente = oeste.
No MAPA seguinte de 1940 podemos ver que nesta zona do porto de Lourenço Marques havia ainda pontes sobre o estuário mas que o espaço emterra parecia ter evoluido de forma diferente da que tinha sido prevista no MAPA e PLANO de 1909.
MAPA de 1940
No MAPA de 1940 vemos também que no lugar do que tinham sido as estâncias havia muitas linhas de caminho de ferro pelo que suponho que o modelo original das firmas privadas terem os próprios cais e armazéns dentro do recinto do Porto deve ter sido abandonado entre 1929 (fotos de Santo Rufino no topo da mensagem) e 1940. Mas de facto não sei o que aconteceu pois as fotos e mapas não dizem tudo.
Uma das fotos aéreas de Mary Meader que já vimos mais genéricamente mostra bem essa zona do cais das estâncias em 1937:
Uma das fotos aéreas de Mary Meader que já vimos mais genéricamente mostra bem essa zona do cais das estâncias em 1937:
FOTO 4
Conforme se pode ver neste esquema essa configuração da costa norte do estuário estava assim em 1945 e continuava em 1955 mas em 1965 tudo tinha sido aterrado até â direcção da ponte-cais que tinha sido prolongada para montante.
NB: Na dissertação para obter o grau de doutor "Um império projectado pelo “silvo da locomotiva” de Bruno José Navarro Marçal está a seguinte nota de fim de página que se refere em parte aos ramais para cada uma destas firmas neste local: "Direcção do Porto e dos Caminhos de Ferro de Lourenço Marques, Ordens de Serviço, nº 85, 11 de Abril de 1917:
publicava-se, nesta data, a relação de desvios particulares, existentes nas diversas linhas deste caminho-de-ferro (Ressano Garcia, Suazilândia, Xinavane e ramal do Umbeluzi), que serviam as seguintes empresas: The Texas Cº (SA) Ltd., Fraser & Chalmers, Ltd., Cotts & Cº, The Lourenço Marques Forwarding Cº, Ltd., McIntosh, Findlay & Cº, Allen Wack & Cº, Ltd., The Delagoa Bay Agency Cº Ltd., Hunt, Leuchars & Hepburn, Ltd., Vaccuum Oil Cº of SA, Ltd., Martin Budd (antiga firma Orenstein - Arthur Koppel, Ltd.), Martin Budd, Nova Sociedade Vinícola Colonial, Ltd., João Viegas Soares Júnior, sublocado a Franklin Duarte, Eduardo Saldanha, Empresa Industrial Edificadora, Incomati Brickfield, Joaquim de Lemos (administrador da antiga firma Oswald Hoffmann), Empresa Industrial Edificadora, Margarida Vasconcelos Santos, sublocado à Empresa Industrial Edificadora, Margarida Vasconcelos Santos e Amadeu José Gonçalves".
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