Instalações portuárias em LM até 1965 - evolução do aterro e construções a oeste (1/)

Utilisando informação dum pequeno livro dos CFM publicado em 1966 e cuja capa mostro ao fundo vamos nesta sériee ver a evolução das instalações portuárias em Lourenço Marques (LM), actual Maputo principalmente a partir de 1945 mas tendo em perspectiva o passado. Olharemos para a ponte-cais Gorjão, os aterros e as construções principalmente na zona que se foi desenvolvendo nesse anos que era a mais a oeste = nascente do recinto mas nâo esquecendo também a parte mais antiga que foi também sendo alterada.
A informação desse livro está, grosso modo, em linha com a que tinhamos apreendido até agora e que reflectimos nos muitos artigos já publicados. Estes artigos servirão assim de recordação da matéria dada, permitirão acrescentar alguns conceitos e dados que são importantes para um portoe reparar em muitos detalhes que também nos tinham escapado até agora 
Recordando o porto de LM quando era utilizado à plena capacidade cerca de 1965 e aqui visto para leste dos armazéns frigoríficos da fruta e com a carvoeira Provay mais ou menos a meio da distância até à direcção da estação de caminhos de ferro:

FOTO 1
Círculo verde escuro: carvoeira Mac Miller
Laranja: carvoeira Provay
Um dos elementos fundamentais do pequeno livro dos CFM é um esquema com a situação das instalações portuárias particularmente em 1945, 1955 e 1965 mostrando-no por isso a evolução nessas duas décadas:


ESQUEMA - plantas dos CFM para 3 épocas (clique para aumentar)
Linha azul clara: limite a oeste do aterro pré 1945
Área castanha café: aterros do estuário e novas construções feitas entre 1945 e 1955
Linha azul médio: limite de aterro feito até 1955 junto aos armazéns frigoríficos
Linha azuis tracejados: limite de aterro intermédio feito entre 1955 e 1965 
e que não foi pintado de cor diferente nas plantas dos CFM 
Área castanho tijolo: aterros do estuário e novas construções feitas entre 1955 e 1965
Linha azul e branco: limite de aterro feito até 1965, complementando o anterior
Laranja e branco (à direita): doca da Capitania
Circunferência castanho claro: praça em frente à estação de Caminhos de Ferro
Carmesim: Av. da República, actual 25 de Setembro
Púrpura: Estrada das Estâncias, continuação da av. anterior para oeste 

depois do ângulo para o interior
Vermelho: armazéns frigoríficos da fruta
Rosa: Oficinas Gerais (OG) modernas feitas entre 1945 e 1955 em novo aterro
Laranja: suponho que mais OG feitas depois de 1955 nesse aterro (visto aqui)
Amarelo: depósito de máquinas feito depois de 1955 nesse aterro
Roxo: construções em linha feitas depois de 1945 no limite a oeste do aterro pré 1945 

(pousada de trabalhadores e serviços técnicos)
Verde normal: plano para os silos de açúcar por volta de 1965
Círculo verde escuro: carvoeira Mac Miller, no extremo da
 construção da ponte-cais até 1914
Verde claro: primeiro ponto de inflexão da linha do cais para o interior
Um ponto chave para se compreender a evolução da ponte-cais e dos aterros do centro para o poente do porto por volta de 1945 são os armazéns ou frigoríficos da fruta de que falámos aqui recentemente e que nesse tempo (planta de cima do ESQUEMA) estavam na extremidade da ponte-cais. Pode comprovar-se essa situação aqui em 1932 com a maré vazia e aqui em 1937 com a maré cheia, nos dois casos com água ainda do lado interior por isso pré-1945. 
Da evolução deste lado das instalações portuárias tinha por exemplo falado aqui interpretando as fotos disponíveis e aqui e aqui por exemplo no que respeita às Oficinas Gerais modernas. Mas posso agora conjugar a informação anterior e ligá-la à do ESQUEMA na seguinte montagem, mostrando aí a evolução da ponte-cais e aterro para oeste da carvoeira Mac Miller até à situação de 1965. Marco aí seis (VI) fases em sequência no tempo a partir do que observo em fotos, quer dizer fazendo notar mais situações distintas do que as três do destacadas no ESQUEMA e como se verá nas fotos e legendas. Se as fases não tiverem sido exactamente assim, mais ano menos ano, também não deve estar muito longe da realidade:


MONTAGEM  (clique para aumentar nas duas imagens)

Vermelho: armazéns frigoríficos da fruta
Círculo verde escuro: carvoeira Mac Miller, no extremo da 
ponte-cais construída até 1914
Laranja, junto ao caiscarvoeira Provay
Castanho escuro: ponte de desembarque no cais das estâncias 
que foi aterrada depois de 1949 (ver aqui em 1937)
Linha azul clara: limite a oeste do aterro pré 1945 
junto aos armazéns frigoríficos da fruta
Linha azul médio: limite a oeste de aterro feito até 1955
 para oeste dos armazéns frigoríficos da fruta
Linha azuis tracejados: limite a oeste de aterro feito entre 1955 e 1965 
mas este não foi pintado como área de cor diferente no ESQUEMA 
Linha azul e branco: limite a oeste de aterro feito até 1965
Linha azul escuro: limite de aterro feito pós 1965, posterior ao ESQUEMA
Verde normal: silos de açúcar já construídos no local planeado, pós 1965
Verde claro: ponto da primeira inflexão da linha da ponte-cais para o interior
Rosa: pavilhão das Oficinas Gerais (OG) modernas
Duas últimas secções de ponte-cais castanhas: expansão de entre 1965 e 1974, 
terminaria no fim do aterro "azul escuro" para lá das plantas do ESQUEMA
Laranja, no interiorsuponho pavilhão das OG modernas
Noto que se vê nas fotos IV e V que para se passar do limite "azuis tracejado" para o limite "azul e branco" que era o do final do ESQUEMA (na planta em baixo para 1965), se começou por fazer o limite do aterro a poente e depois se fechou a enseada do lado do estuário (mas parte dessa área em parte do tempo seria pântano) e se aterrou esse espaço. 
Informação que pode ser útil para estudiosos da história do porto de LM é a TABELA seguinte sobre os equipamentos e instalações em 1965 retirada do livro:
TABELA de informações sobre o porto em 1965 (clique para aumentar)
Esta tabela tem dados muito interessantes por exemplo nomes e capacidade dos rebocadores, tipos de guindastes e meios de transporte, capacidades de armazéns e terraplenos (os espaços inicialmente descobertos), as profundidades da água nos cais, etc e voltaremos depois a alguns deles. A tabela diz também que a carvoeira com capacidade de 600 tons/hora que era a Provay estava a ser desmontada. Essa é a carvoeira "laranja" na FOTO 1 mas não é aí muito claro em que estado estaria nessa altura.
A capa do pequeno livro que foi editado pelos CFM e onde estão os ESQUEMAS e a TABELA e mais informação que veremos depois:
O Porto de LM de 1966
Num próximo artigo seguiremos especialmente a evolução da ponte-cais Gorjão.

Comentários