Vistas aéreas do recinto portuário de LM nos anos 50 e 60

Continuando com as fotos de boa qualidade da Biblioteca de Arte da Fundação Gulbenkian e que estão disponíveis no álbum Ultramar segue-se mais uma principalmente com instalações portuárias e em parte com uma área de sobreposição com a do artigo anterior como explicarei. Suponho que sejam as duas da mesma data tal como esta que já vimos.

FOTO 1
Vista do porto de oeste / montante do estuário para a Baixa a leste

Estas fotos têm elementos interessantes que podemos ver a seguir. Começamos pelo lado poente do porto que se via ter sido recentemente aterrado modificado pois havia aí extensos terrenos húmidos, ou por não estarem bem drenados, ou por não escoarem bem a água das chuvas dado não estarem ainda pavimentados ou com a superfície em declive para o estuário. 
Mostro na montagem seguinte essa parte da FOTO 1 mais uma foto aérea anterior (de 1933 ou de 1937?) para se entender melhor as modificações ocorridas entre uma e outra. Esta zona a poente do porto nessa altura podia ser identificada pelos Armazéns Frigorificos (AF) da fruta que existiam deste 1930 (aqui na ponta do cais da altura com o par de carvoeiras para leste = nascente = lado da Baixa). Um pouco mais para noroeste dos AF tinha estado o Cais das Estâncias (CE), construído cerca de 1900 (também se pode ver tudo isso na primeira foto deste artigo tirada em 1937 por Mary Meader).

FOTO 1 e a anterior tirada na vertical - clique na montagem para aumentar
Amarelo: linha onde aproximadamente onde tinha sido o Cais das Estâncias (CE)
Castanhos escuro: armazéns que vinham do tempo do CE
Laranja claro: curva do CE do seu lado mais a poente = oeste
Púrpura: aproximadamente onde tinham sido as pontes do CE, na direcção norte - sul sobre o estuário e onde onde acostavam batelões
Vermelho: Armazéns Frigorificos (AF) que inicialmente
 tinham as traseiras junto à água do estuário
Esquina a roxo, à direita da FOTO 1: limite no interior e a poente de nova plataforma
 construída em betão armado para a extensão da ponte-cais 
Mancha azul clara: zona de antigo estuário que na FOTO 1 tinha sido aterrada 
recentemente para norte = lado da terra firme dos AF
Linha azul: curva do estuário a leste e norte dos AF antes do aterro recente na FOTO 1
Rectângulo lilás: carvoeiras Provay (só na FOTO 1) 
Castanho claro: Av. da República, actual 25 de Setembro e Estrada das Estâncias, 
duas rectas separadas no ponto da oval castanho claro
Linha azul escura: ponte-cais Gorjão vinda de leste até aos AF
Verde escuro: prolongamento da ponte-cais para oeste, para além dos AF 
Branco: linha férrea da estação principal para Ressano Garcia
Rectângulo azul: sede do Clube Ferroviário 
Verde claro: primeiro depósito de máquinas em betão armado
Verde normal: hangar das antigas oficinas dos caminhos de ferro

Reforço a ideia de que as linhas azuis estão no limite duma enseada formada pela parte do estuário que tinha restado para norte dos armazéns frigoríficos (AF), quando estes foram construídos numa língua de aterro criada a partir do limite da ponte-cais para oeste. Podemos ver ainda água desse lado interior aos AF na FOTO 1 deste artigo  e também na primeira deste.  
Noto que a ponte cais original "azul escura" não foi prolongada na mesma linha recta na parte "verde escura" e presumo o motivo foi beneficiar-se da maior profundidade da água nessa zona do estuário. Assim a ponte cais ficou menos para dentro do estuário o que simplificou (ligeiramente) a sua construção.
Noto que na já mencionada FOTO 1 deste artigo tinha mostrado uma FOTO 1 também do arquivo da Gulbenkian onde se via a ponte-cais só até à linha entre, a norte, o ponto de flexão na avenida da República, actual 25 de Setembro (a da oval "castanho claro" na extremidade a oeste) e, a sul, a carvoeira Mac Miller (a da oval "roxa"). Nessa foto não aparecia (estaria para a direita do seu limite à direita) a secção mais a oeste = poente da ponte-cais já existente nessa altura.
Do final dos anos 50 ou início dos 60 será a seguinte foto de Carlos Alberto Vieira que mostra o lado mais a oeste = poente das instalações portuárias nesse tempo. A zona aterrada para o interior da ponte-cais estava como se via na FOTO 1 mas aqui parecia estar pelo menos mais enxuta.


FOTO 2
Vermelho: Armazéns Frigorificos (AF), formados pelos dois iniciais mais curtos 
e por dois duma ampliação mais longos
Rectângulo lilás: carvoeiras Provay
Linha azul escura: ponte-cais Gorjão vinda de leste até aos AF
Verde escuro: prolongamento da ponte-cais para oeste, para além dos AF 
Mancha azul clara: zona de antigo estuário que ao tempo da FOTO 1 tinha sido
 aterrada recentemente para norte = lado da terra firme dos AF
Linha azul: curva do estuário a leste e norte dos AF antes de ser aterrada
E podemos ver como estava em Agosto de 2017 a zona vista nas duas fotos de cima do cais e resto das instalações portuárias:

FOTO 3
Vermelho: linha ao centro dos dois armazéns frigoríficos iniciais (mais curtos)
Linhs azul escuro e verde: ponte cais notando-se a pequena flexão 
para o interior como na FOTO 1
Esquina a roxo, à direita: limite ao tempo da FOTO 1 no interior e a poente da nova plataforma construída em betão armado para a extensão da ponte-cais 

Na FOTO 3 de 2017 a zona mantinha ainda muito do passado, mas como se pode ver na imagem de Google mais recente a maior parte dos armazéns junto ao cais nesta zona, que fica para oeste da nova ponte da (k) Catembe, incluindo os antigos armazéns frigoríficos foi demolida no decorrer de 2018.

No próximo artigo mais uma foto da mesma zona mostrará a sua situação nos anos 60. isso significa que ela será semelhante à FOTO 2 mas como constataremos foi tirada de um ângulo diferente.

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