Baptista de Carvalho e o seu prédio de 1890 - mais fotos e envolvente

Voltamos ao prédio de Baptista de Carvalho que vemos na FOTO 1 e de que falamos em artigos anteriores como sejam este com as fotos mais antigas da zona oriental da Baixa, este com mais pormenores sobre a sua construção e utilização e este em que aparece em fotos tiradas em 1895 e 1920. Também mostramos a zona anteriormente nesta foto de quando o pântano estava ainda a ser drenado e em que digamos para cá = para leste de metade do actual prédio da EMOSE (que seria cortado pela linha roxa marcada nessa foto e que iria de norte a sul) estava tudo em estado quase selvagem. 
A foto seguinte é reproduzida da revista Branco e Negro datada de Maio de 1897 e disponibilizada pela Hemeroteca Digital de Lisboa.

FOTO 1 (cerca de 1894)

Como se vê pelo letreiro na fachada da fachada principal (que está virada a sul ou para o lado do estu'ario que nesta altura estava a uns 140 metros de distância) e pela legenda da foto, o prédio na altura era pelo menos parcialmnete ocupado pela Câmara Municipal. É a primeira vez que vejo esse letreiro, nesta foto estava escrito "HOTEL BAPTISTA" mais para os extremos dessa fachada. Olhando para umas construções do lado esquerdo da FOTO 1 parece-me que ela será posterior a essa foto do HOTEL  onde elas não estavam à vista.
A Câmara devia estar instalada no prédio sob contracto de aluguer, na transição entre o Palacete dos Azulejos inicial e o seu primeiro edifício próprio dos Paços do Concelho para onde foi cerca de 1901 e onde se manteve até que em 1947 passou para o edifício actual.
A FOTO 1 parece ser de P. Marinho e ter sido publicada em 1894 pelo que a partir dela podemos recuar pelo menos um ano em relaçâo à foto mais antiga com data confimada para o prédio do Baptista que era de 1895 e aproximarmo-nos do ano de 1890 que é dito ter sido o da sua construção. Vê-se que à data da FOTO 1 a zona tinha sido recentemente aterrada e as ruas traçadas, não se vê nela marcas dos carris que a certa altura a atravessaram como dissemos aqui e aqui. A zona que na FOTO 1 ficava para a esquerda do Baptista = sul e que ia até ao estuário sofreu por esses tempos muitas alterações como em parte referimos neste artigo e nos que lhe estão ligados.
Tomando como referência esta foto para o que estava mais próximo do prédio Baptista de  Carvalho, podemos localizar melhor e ver alguns pormenores interessantes da FOTO 1:

FOTO 1 com marcas (cerca de 1894)
Linha laranja claro: Rua Condutor (Eng. Técnico) Joaquim Lapa, 
actual Slovo, do seu lado oriental = leste
Linha verde claro: Rua da Imprensa (Nacional), na direcção Sul-Norte
Linha verde escuro: Travessa Pimenta de Castro, depois Baptista de Carvalho, 
actual Rua do Jornal Notícias
Branco: prédio do Baptista
Preto: local onde veio a ser construído o Grande Hotel, depois Casa Pfaff

actual BCI, ver mais dessa zona aqui
Laranja médio: prédio térreo na esquina onde veio a ser construído um 
prédio antigo com grande respiro 
Seta carmesim: telhado do prédio do Clube Inglês no topo norte 
da Praça 7 de Março, actual 25 de Junho

Podemos ver de novo na foto seguinte (a da PARAGEM) o prédio do Baptista para lá do poste na esquina a sudoeste do cruzamento da Rua da Imprensa com a Rua Lapa.  a foto é talvez nos anos 50 e foi tirada com um ângulo um pouco para a esquerda do da FOTO 1 mas também a partir da Rua da Imprensa e para noroeste. Nesta FOTO 2 nota-se encostada a norte do Baptista uma construção, primeiro com uma parte baixa com um portão largo e depois com uma parte com telhado em duas águas e porta ao centro e que devia ser um anexo do edifício principal. As FOTOS 2 e 3 são reproduzidas do livro Xilunguíne de Alexandre Lobato 

FOTO 2 (cerca dos anos 50) 
Rua da Imprensa tendo ao fundo a sua continuação para norte, a actual Av. Lenine,
subindo para a alta da cidade passando a leste do jardim botânico (ver aqui)
Da esquerda para a direita da FOTO 2 e ao longo do lado oeste = poente da Rua da Imprensa vê-se a partir da esquina da Casa Pfaff a sua intersecção com a Rua Lapa, o topo a leste = oriente do prédio do Baptista e o seu possível anexo. Suponho que depois estaria uma casa térrea (a norte do quarteirão do Baptista) que tinha aí existido desde o tempo da drenagem e aterro desta zona mas que na FOTO 2 teria sido tapada pelas árvores (vê-la aqui muito antes à direita do presumível anexo do Baptista que não tinha ainda o portâo grande nem o telhado em "V"). Teríamos aí a esquina a sudoeste do cruzamento da Rua da Imprensa com a avenida da Repúbllica e depois dessa avenida a Cadeia Civil e a Imprensa Nacional. Passado esse quarteirão e depois da intersecção da Rua da Imprensa com Av. Álvares Cabral (que não se consegue ver na FOTO 2) era o início da encosta da Maxaquene ocupada pelo jardim botânico.
Podemos ver que poucos anos depois da FOTO 2 a envolvente ao prédio do Baptista tinha sido radicalmente modificada mas que ele continuava de pé na vista seguinte da Rua Lapa para poente. O prédio encostado ao do Baptista que foi marcado a laranja médio na FOTO 1 talvez fosse ainda aqui o mesmo mas teria sido aumentado de um andar.

FOTO 3 (anos 60)
primeiro plano: Califórnia e Casa Pfaff à esquerda, prédio do Baptista à direita
por trás nos quarteirões seguintes: Jornal Notícias em curva à esquerda

 e Prédio Nauticus à direita
E podemos ainda ver o prédio do Baptista nos seus últimos tempos na foto noturna seguinte e já conhecida daqui mostrando a primeira fase da construção do Hotel Tivoli. Esta veio ocupar a parte do quarteirão do Baptista para norte do que devia ser o seu anexo. Note-se ainda que ao centro direita da FOTO 4 vemos de nascente (na parte inferior da foto) para poente (na parte superior) a Av.  da República, actual 25 de Setembro.

FOTO 4
da esquerda para a direita: Casa Pfaff iluminada, Rua Lapa, prédio do Baptista sem iluminação, anexo térreo do Baptista e Hotel Tivoli com reclame da BOAC no terraço

Comentários