Segundo o livro "A Engenharia Portuguesa na Moderna Obra de Colonização" do Eng. Lopes Galvão publicado em 1940 de que reproduzo a foto de cima e que tem uma sua biografia na página 186, o engenheiro militar Silvério Pereira da Silva (1827-1910) especializou-se em trabalhos de hidráulica marítima. Entrou para o quadro das obras públicas e esteve envolvido em projectos no Rio Douro, porto de Lisboa e do Funchal e em Novembro de 1896, já com 69 anos de idade foi convidado a elaborar o projecto e a dirigir as obras do porto de Lourenço Marques (LM), actual Maputo. Fazendo o levantamento do porto estava na altura o Eng. António da Conceição Parreira que durante algum tempo ficou como subordinado do Eng. Silvério.
Adaptando um pouco o texto do Eng. Galvão: "As primeiras medidas que tomou quando chegou a LM foram as construções de casas para o pessoal, instalação de serviços e barracões para armazenamento do material de estudo e construção, o que aconteceu na baixa da Maxaquene (e do assunto já falámos aqui). Ao lado dos armazéns foi construído o estaleiro para a confecção de blocos artificiais para as obras da muralha original".
O eng Silvério esteve em LM de 1896 a 1899 "tendo elaborado o plano completo das obras para o porto e concluido o projecto da 1a secção que submeteu à aprovação superior. A memória desta comissão de serviço foi publicada na Revista da Associação dos Eng. Civis".
Em LM auxiliaram o Eng. Silvério os Engs. Vasconcelos e Sá (o que conseguiu montar o Farol de Cockburn) e Coelho de Sá e ainda o Eng. hidrógrafo Neuparth que fez o levantamento hidrográfico da baía e porto, por isso estudos para a elaboração do projecto. Foi Vasconcelos e Sá que após o regresso de Silvério a Lisboa dirigiu os trabalhos urgentes do porto que estavam em andamento e que ultimou o projecto que ia da Ponta Vermelha à Alfândega (Praça 7 de Março).
Seguindo a parte do livro relativa ao porto de LM (páginas 124 a 126) em Novembro de 1896, o Eng. Silvério foi também encarregado "de realizar as obras de carácter urgente que não colidissem com o plano geral que
viesse a elaborar. Uma dessas obras era
a preparação do local destinado à montagem de uma
nova ponte de cargas e descargas, ponte
que havia sido projectada pelos engenheiros Matos e Loureiro, e estava orçada
em 18.000 contos da moeda actual. Aconteceu porém que ao ser conhecida a
notícia em Lourenço Marques, fizeram-se logo representações (HoM: reclamações) contra tal
construção que ia prejudicar os donos
das embarcações empregadas no serviço de carga e descarga dos navios. Dizia-se nessas representações que o que era necessário
e urgente era o alargamento dos terraplenos da alfândega e a construção de
armazéns para depósito e guarda das mercadorias que em quantidade estavam
afluindo ao porto, não havendo maneira de as guardar. Praças e ruas eram
aproveitadas para estacionamento das mercadorias desembarcadas".
Sobre o plano geral para o porto preparado pelo Eng. Silvério falaremos no artigo seguinte.
Sobre o plano geral para o porto preparado pelo Eng. Silvério falaremos no artigo seguinte.
Série de artigos sobre as OdP aqui.
NOTA: definições de engenharia civil - hidráulica marítima - dique: possui as duas extremidades na terra; quebra-mar: possui as duas extremidades dentro de água; molhe: possui uma extremidade na terra e outra no mar.
Biografia completa de Silvério Pereira da Silva aqui (arqnet)
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