Linha férrea para Goba e Suazilândia: ligação à fronteira e ramais (4/8)

Voltando à construção da linha portuguesa da Suazilândia iniciada em 1905 ela foi inaugurada parcialmente em 1909 e há informação de que foi terminada em 1912 na parte portuguesa. Como dissemos no artigo anterior a ligação da estação de Goba à fronteira da Suazilândia que se pode ver aqui seguindo ao longo do vale do rio Umbelúzi (margem direita, a sul) numa distância de c. 4.9 km só terá sido feita cerca de 1964 e não sei se integrada na mesma empreitada da linha em território suazi.
Podemos ver duas fotos dos tempos mais antigos da linha de Goba sendo a primeira dita de 1911:

FOTO 1
Estação da linha de Goba em festa em 1911

As bandeiras são da República Portuguesa que tinha sido implantada em Outubro de 1910 confirmando-se ser foto do final desse ano ou posterior. Olhando para a festa presumo que fosse da inauguração o que nos levaria a dizer que esta foi em 1911 e não em 1912.
Podemos ver um mapa do tempo da colónia de Moçambique, por isso antigo mas de que não sei o ano, que a linha terminava na povoação de Goba:


MAPA ANTIGO
Vermelho: Goba Povoação
Círcunferência preta: fim da linha de Goba, nem ia até à fronteira
Verde: fronteira entre a Suazilândia a oeste e Moçambique a leste
Roxo: Goba Fronteira, por estrada
Linha tracejada preto e branco: via férrea
Linhas castanhas: estradas

Agora uma foto duma composição passando num aterro:

FOTO 2
Combóio com carga de milho ao km 8 da linha de Goba

Os km na linha de Goba deviam contar a partir do ponto que se vê aqui no google imagens e que fica pouco depois da estação da Machava (aqui) em que a linha de Goba se separa da de Ressano Garcia que vai mais para norte como se vê a seguir. 

FOTO 3
Separação da linha comum vinda do porto de Maputo, antiga Lourenço Marques
 na zona da Machava

Por isso o km 8 da legenda devia significar que a região da FOTO 2 seria entre a Machava e Boane, por onde havia os apeadeiros de Belulane e Estivel.  
Desde a construção, depois de Estivel, da linha principal que segue para Boane na parte inferior da imagem (sul) e a partir deste ponto (no Google Maps) foi feito um ramal para uma primeira pedreira à esquerda = oeste a qual se vê aqui com o ramal vindo em linha recta da direita = leste e o ramal continua e termina nesta pedreira maior aqui.
De Boane, antes da linha passar na grande ponte sobre o rio Umbeluzi foi feito um pequeno ramal para a estação experimental do Estado e para as explorações agrícolas privadas do Umbelúzi que aparecia neste mapa. Também no Google Maps pode ver-se a Estação de Boane aqui e o início desse ramal do Umbelúzi para a direita (sudeste) aqui e que terminava aqui.
Um pouco mais adiante, depois de passada a ponte de Boane e ao km 39 da linha de Goba (lugar de Umpala?) surge o início doutro ramal que penso ter sido construído mais tarde mas não sei concretamente quando. É o chamado ramal de Salamanga de que se pode ver video e confirmar aqui que foi reabilitado nos últimos anos e que serve agora essencialmente para transporte de calcário para a fábrica de cimento da Matola. Esse ramal desde o início serviria essa exploração de calcário e a produção da fábrica de cal dessa localidade situada na margem esquerda do Rio Maputo. No google maps consegue-se segui-lo bem e depois dos arredores de Boane (aqui à direita da estrada N200) atravessa uma zona quase despovoada e ao aproximar-se do Rio Maputo passa a oeste da Bela Vista para chegar mais a sul à mina a céu aberto ou pedreira de Salamanga.
Note-se que perto do termo do ramal está (aqui ao centro) o seu triângulo de inversão. 
O ramal também servirá uma nova indústria (CIF MOZ, pouco acima do seu términus) e que se vê aqui é uma nova fábrica de cimento que em 2018 estava em construção - foto aqui. O ramal de Salamanga tinha estado paralizado desde 1976 e tem extensão de 54 km desde Boane - ver aqui e aqui - por isso é só 14 km mais curto que a linha de Goba principal que tem 68 km a partir da Machava. 

Comentários