Continuo o tema das missões católicas nas terras de Maputo com a segunda das fotos que Santos Rufino (SR) colocou nos seus álbuns publicados em 1929 e relativas à Missão Portuguesa de Maputo, ou terras dos Tembe.
Como disse no artigo anterior, pelo facto da missão ter tido várias estações na região a designação usada por SR não permite saber com precisão de qual delas (localidades) seriam as fotos embora tenhamos já alvitrado que a primeira fosse de Matutuíne, local um pouco a noroeste da Bela Vista.
Quanto ao edifício seguinte é mais difícil dizê-lo porque é construído em alvenaria enquanto que o Padre Manuel da Cruz Boavida na publicação Portugal Missionário de 1928 dizia que até 1922/24 todos os da missão eram em madeira e zinco, sendo todavia possível que este tivesse sido construído depois.
Quanto ao edifício seguinte é mais difícil dizê-lo porque é construído em alvenaria enquanto que o Padre Manuel da Cruz Boavida na publicação Portugal Missionário de 1928 dizia que até 1922/24 todos os da missão eram em madeira e zinco, sendo todavia possível que este tivesse sido construído depois.
FOTO 1
Escola da missão portuguesa de Maputo |
Para se tentar esclarecer qual o local da FOTO 1 na região de Maputo é também de considerar a foto seguinte duma escola da missão que tinhamos já visto:
Como o edifício da FOTO 1 parece diferente do da FOTO 2 então a FOTO 1 não será da Catembe. E como é pouco provável que a FOTO 1 fosse de Macassane onde a presença dos missionários a partir de c. de 1907 passou a ter pouco significado, presumo então que o edifício da FOTO 1 fosse de S. Roque de Matutuíne / Matutwini pelo que teria sido construído entre 1924 (ano da partida do Padre Boavida) e 1929 (ano da publicação das fotos de Santos Rufino).
O Padre Boavida no Portugal Missionário de 1928 dá informações que permitem completar a descrição dos primeiros anos do estabelecimento da igreja no Maputo. Resumo a seguir o que a missão tinha conseguido, tanto no que respeita aos edifícios como à sua utilização até cerca de 1924 (texto a partir da página 138):
"Em 1921 a missão tinha os serviços seguintes: Oficinas de alfaiate, ... sapateiro, ... funileiro, ... encadernador, escola do sexo feminino, ... internato do sexo masculino, ... um internato do sexo feminino, «quinta agrícola» com 20 hectares de terra arroteada e semeada e com algumas centenas de arvores frutíferas, incluindo coqueiros; escolas indígenas do sexo masculino e feminino no Mahlungulo e escola do masculino no Zantaka, em Salamanga, no Nemane e na Bela Vista".
A missão procurava treinar agricultores para o uso de culturas e sementes seleccionadas e de técnicas e de utensílios agrícolas modernos que eram préviamente desconhecidos na região. As escolas profissionais (alfaiate, sapateiro, funileiro, encadernador) visavam habilitar jovens locais para profissões ocidentais contemporâneas e com procura nos campos e nas cidades, para além de produzirem para o exterior de forma a gerar receitas.
Podemos ver a seguir a escola de alfaitaria, na sede em Matutuíne, com um professor aparentemente leigo contratado:
FOTO 2
Escola da missão portuguesa na Catembe |
Como o edifício da FOTO 1 parece diferente do da FOTO 2 então a FOTO 1 não será da Catembe. E como é pouco provável que a FOTO 1 fosse de Macassane onde a presença dos missionários a partir de c. de 1907 passou a ter pouco significado, presumo então que o edifício da FOTO 1 fosse de S. Roque de Matutuíne / Matutwini pelo que teria sido construído entre 1924 (ano da partida do Padre Boavida) e 1929 (ano da publicação das fotos de Santos Rufino).
O Padre Boavida no Portugal Missionário de 1928 dá informações que permitem completar a descrição dos primeiros anos do estabelecimento da igreja no Maputo. Resumo a seguir o que a missão tinha conseguido, tanto no que respeita aos edifícios como à sua utilização até cerca de 1924 (texto a partir da página 138):
"Em 1921 a missão tinha os serviços seguintes: Oficinas de alfaiate, ... sapateiro, ... funileiro, ... encadernador, escola do sexo feminino, ... internato do sexo masculino, ... um internato do sexo feminino, «quinta agrícola» com 20 hectares de terra arroteada e semeada e com algumas centenas de arvores frutíferas, incluindo coqueiros; escolas indígenas do sexo masculino e feminino no Mahlungulo e escola do masculino no Zantaka, em Salamanga, no Nemane e na Bela Vista".
A missão procurava treinar agricultores para o uso de culturas e sementes seleccionadas e de técnicas e de utensílios agrícolas modernos que eram préviamente desconhecidos na região. As escolas profissionais (alfaiate, sapateiro, funileiro, encadernador) visavam habilitar jovens locais para profissões ocidentais contemporâneas e com procura nos campos e nas cidades, para além de produzirem para o exterior de forma a gerar receitas.
Podemos ver a seguir a escola de alfaitaria, na sede em Matutuíne, com um professor aparentemente leigo contratado:
FOTO 3
Matutuíne: alfaiataria com grupo de aprendizes, uns mais pequenos que outros |
Agora também duas fotos de cerca de 1924 que como são localizadas na região do Maputo não sei donde são exactamente mas presumo que fossem também em Matutuine. A primeira mostra um grupo na varanda duma construção de madeira e zinco com um piso mas não dá para ver se é a mesma das fotos anteriores:
FOTO 4
Maputo - Escola masculina (externos) |
Agora uma foto no exterior com as alunas da escola feminina de que o Padre Boavida também descreve o programa que era o esperado para a época e situação, resumidamente aprendizagem de leitura e escrita, cozinha e costura.
FOTO 5
Maputo - Escola feminina, haveria alunas internas e externas |
Continuava o Padre
Boavida sobre as escolas da missão, religiosas, de programa geral ou
profissionais: "A do Nemane, a do Tshalaza, a do Dyob, eram consideradas
escolas de catequese. Na Catembe, dirigidas pela missão do mesmo nome,
consagrada a Nossa Senhora das Mercês, havia, na séde, escola para os dois
sexos e oficinas de alfaiate, em início, e fóra as escolas indígenas ... do
Tshaly e a do Joél".
Quanto a construções
para culto, escolas e residência dizia o Padre Boavida, não descriminando o
local, mas talvez fosse no principal de S. Roque de Matutwini:
"Foi adaptada a
«Escola-Capela», edificada pelo Padre Machado (houve dois antes, qual deles), a
igreja, tendo sido soalhada, forrada e o tecto foi colocado em abóbada; foi
construído o côro, um guarda vento, um baptistério, uma torre e uma sacristia e
dois altares laterais e um púlpito. Construiu-se: um edifício para uma escola
...; uma casa para oficinas .... Edificou-se uma residência para os
missionários, barracas para oficina e dormitório e mais "um estábulo e
cavalariças e uma casa para residência do auxiliar. ... Apezar de todos estes edifícios a missão
estava mal instalada: os edifícios eram construídos em madeira e zinco — a
maior parte pertencera aos edifícios da antiga missão de Santo António de
Macassane" que relembro foi a primeira a ser construida.
E concluia o Padre
Boavida essa passagem: "As missões do Maputo — a de S. Roque de Matutuine
e a de Catembe - desde 1924 que estão sem pessoal missionário eclesiástico
secular ou regular, algum: a direcção das mesmas foi confiada a auxiliares
leigos". Não fica muito claro o que isto quer dizer, mas suponho que se
refira só às escolas pois em relação ao culto e à eucaristia na igreja católica
esses estão reservados aos padres (acho eu) e não faria sentido andar-se acristianizar
pessoas para depois não se lhe dar sequência dentro da igreja.
Continua no próximo artigo
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