Porto de LM em funcionamento - fotos antiga e moderna e texto de 1940


Navio Angola na ponte-cais Gorjão em Lourenço Marques, actual Maputo em 1937

O navio Angola da CNN que aparece na foto de cima de 1937 foi o que antecedeu o mais contemporâneo com esse nome e que foi de 1948. No The Ships List tem-se alguma informação sobre o Angola da foto, nomeadamente que foi construido em 1912 como Albertville e que só em 1930 foi adquirido pela CNN e rebaptizado (1912, ex- Albertville, 1930 purchased from Cie. Maritime Belge renamed Angola, 1946 renamed Nova Lisboa. 1950 sold to British Iron & Steel Corporation and towed to Blyth where she was scrapped.- 8,305 tons).
Estava atracado com a proa para leste = juzante do estuário o que não era muito comum. Tratava-se da zona inicial da ponte-cais a leste e presumo que o navio de que se vê a popa à esquerda fosse de guerra pois era aí a zona reservada para esse efeito.
Esta primeira imagem serve para ilustrar muito bem a primeira parte do que o Eng. Lopes Galvão escreveu em 1940 no livro "A Engenharia Portuguesa na Moderna Obra de Colonização" sobre o porto (a parte relativa às carvoeiras foi colocada em artigo respectivo):
"Hoje o Porto de Lourenço Marques tem cerca de 2 quilómetros de cais acostáveis. A plataforma é ampla, de 20 metros de largura. Está ladeada de grandes armazéns com a área de 30 m x 60 m cada, e é provida de 3 linhas férreas onde os combóios circulam com facilidade. Grande quantidade de mercadoria passa directamente dos navios para os vagões e vice versa. Não há em toda a África do Sul cais onde o manuseamento da mercadoria se faça com tão grande facilidade e tanta rapidez.
A área dos entrepostos eleva-se já a 25 hectares.
Os cais encontram-se equipados, em toda a sua extensão por filas de guindastes eléctricos de pórtico rolantes com capacidades de carga que vão de 5 a 60 toneladas".
E continuava o Eng. Galvão referindo equipamentos que conhecemos:
"Uma grande central eléctrica, propriedade da administração, fornece a energia para todas as necessidades do porto e das instalações do caminho de ferro.
O porto é ainda dotado de um amplo frigorífico capaz de receber 38 000 caixas de citrinas, ou seja 3 400 toneladas. 
Há também uma doca seca capaz de docar os maiores navios que têm como porto de armamento Lourenço Marques.
O porto pelas suas acomodações, pela sua aparelhagem, pelos métodos de exploração e facilidades de manuseamente da mercadoria, é justamente considerado como um dos mais perfeitos e mais completos.
Mais de 23 companhias de navegação tocam regularmente no porto que tem hoje comunicações directas com todo o mundo."
Ao finalizar escrevia o Eng. Galvão:
"O chamado porto da Matola é um complemento do porto de Lourenço Marques. Ali se acham instalados os grandes depósitos de óleos, petróleos e gasolinas. Tem também cais acostáveis e amplos terraplenos que faziam parte da antiga concessão Lingham".
Sobre este último ponto mostro foto recente do terminal de minério na Matola, uma evolução construída nos anos 60 dessa segunda localização do porto de Lourenço Marques que tinha sido criada nos anos 30 para navios-tanques.
Terminal de carvão no porto de Maputo na Matola

Comentários