Fotos nos campos de futebol da Baixa de LM - do GDLM em 1933 (3/5)

A revista O Ilustrado que foi publicada em Lourenço Marques (LM), actual Maputo entre 1933 e 1934 seguia o desporto local e por isso temos algumas imagens de campos da Baixa dessa época (algumas foram para aqui adaptadas). Os artigos nem sempre os localizaram por isso faço algumas tentativas supondo que seriam os pertencentes aos três maiores clubes desportivos locais. 
Começemos por uma das fotos não localizadas que seria ou o do Sporting (SCLM) ou o do Grupo Desportivo (GDLM) pois ambos estavam no sopé do extremo a ocidente da parte mais ingreme da Barreira da Maxaquene, uma encosta com alguns arbustos que se vê para o fundo:

FOTO 1
Penso ser o primeiro campo de futebol do Desportivo frente aos Paços do Concelho 
primeiro campo do GDLM estava orientado na direcção aproximada oeste - leste e por isso estava limitado ao comprimento do seu lado norte pela barreira. Estava situado onde depois foram erigidos a piscina, a sede e os recintos das modalidades do Grupo Desportivo - aqui actualmente. Não é muito claro que o campo à vista na FOTO 1 esteja nessa posição mas concluo que sim por se ver ao fundo dela um edificio (e que estaria já depois do muro no limite do campo) que penso seria o da sede do vizinho Sporting. No referido artigo sobre o primeiro campo do GDLM, esse edifício do SCLM aparecia em posição equivalente nas suas FOTOS 2 e 6. Dado novo nesta FOTO 1 é ver-se o que parece ser um grande placard que não se tinha visto antes. 
Podemos ver a bancada da FOTO 1 completa na foto seguinte também de 1933 e publicada na revista O Ilustrado: Essa bancada não existia ainda em 1929 dado que não estava nesta foto publicada nesse ano. Mesmo o terreno de jogo oficial não estou seguro que existisse pois as suas linhas de demarcação se lá estivessem não estavam muito nítidas.  

FOTO 2
Bancada central do lado da tribuna do campo do Desportivo
visto do seu limite a oeste = o lado mais próximo do jardim botânico
Para se tirar as dúvidas pode ver-se nesta foto da bancada os mesmos pilares inferiores em betão e superiores em tubo que suportavam a ponta da estrutura da cobertura. No entanto penso que mais tarde a parte central desta bancada foi alterada dado que nesta FOTO 2 o que ai estava edificado estava bastante recuado enquanto que nesta foto aparecia aí uma construção mais volumosa (tribuna de honra?). Essa ficava quase no alinhamento da bancada e no segundo piso tinha uma cobertura que estava acima da cobertura desta bancada.
A última foto deste artigo também de 1933/34 terá sido tirada na base da mesma barreira que se via à esquerda da FOTO 1 mas mais para leste, para lá do campo do SCLM. Deve mostrar a antiga estrada marginal e do lado direito, o oposto ao da barreira, estaria o aterro da antiga enseada da Maxaquene. Esse espaço, onde foi criado a partir de 1920 um dos pulmões da cidade (a mata dos eucaliptos) nas últimas duas décadas tem sido atafulhado de construções. 
A foto mostra um atleta de nome Bento, o finalzador da equipa de estafetas do Desportivo, vencendo a Volta à Cidade

FOTO 3
Atleta do Desportivo cujo campo de futebol vimos nas FOTOS 1 e 2
 chegando destacado à meta vindo do lado da praia da Polana 
Por fim uma descrição da situação do desporto mas centrada no futebol em LM publicada em Dezembro de 1932 no boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro. Essa publicação é disponiblilizada, tal como a revista O Ilustrado donde reproduzo as fotos de cima, pela hemeroteca digital da Câmara Municipal de Lisboa.
Em 1932 havia separação entre clubes de futebol "brancos"
 e de "não brancos" para o futebol. 
Há um estudo muito aprofundado de Nuno Domingos sobre o tema (Futebol e Colonialismo), mas em geral penso que para além da separação de clubes, em 1933 nos citados clubes de "brancos" provávelmente não haveria atletas puramente africanos e por diversas razões. Mas com o passar dos anos pelo menos nalguns desses clubes a integração de atletas dessa origem foi sendo feita progressivamente e tais divisões acabaram oficialmente no início dos anos 60, tanto para desportistas como para as associações de clubes e os campeonatos. 
É de notar que embora o futebol fosse nominalmente amador, os tradicionais clubes de "brancos" tinham mais prestígio e proporcionavam melhores condições de práctica desportiva e de emprego aos seus atletas, devido ao maior poderio económico e social dos seus dirigentes e associados. Esses clubes conseguiam assim atrair assim o talento que emergia nos subúrbios (na chamada "cidade de caniço") e por isso as suas equipas, nomeadamente as dos três clubes da Baixa, dominavam o panorama desportivo da cidade. Assim mesmo a partir da integração das associações, a esmagadora maioria dos clubes dos subúrbios competiam quase só entre si nas categorias secundárias, sendo raros os que conseguiam a promoção à primeira categoria / divisão e depois a manutenção para as temporadas seguintes. 
No artigo seguinte olharemos para o acima referido Campo do Sporting também em 1933/34.

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