Instalações portuárias em LM até 1965 - pousada e frigorífico do peixe (6/)

Continuando a série CFM 1965, na zona intermédia das instalações portuárias de Maputo, antiga Lourenço Marques (LM) pouco resta agora do passado devido à construção da ponte entre as duas margens do estuário e a mudanças nas utilização do porto. Neste parece-me agora haver mais espaço para parqueamento de automóveis do que para contentores e como é natural os armazéns de mercadorias terão agora menos uso (ver PS ao fundo).  Facto mais relevante no entanto é ver-se pouquíssimos navios atracados ou à espera de o fazer, apesar do comércio transportado por via marítima ser enorme e continuar a crecer embora a taxas menos elevadas do que no passado - ver site das Nações Unidas.


FOTO 1
Vista das instalações portuárias de Maputo para sul - sudeste 
com parte da Baixa da cidade para o fundo à esquerda

Podemo-nos colocar aproximadamente na mesma posição da FOTO 1 no plano de 1965 e a partir daí ver o que eram a fiada de construções antigas que me parece ser actualmente a única presença que resta desses tempos:

PLANTA de 1965 (com medalhão da zona em foco na planta)
racejado preto cinza: edifícios da pousada de trabalhadores
Rosa: grupo automóvel do cais 
Amarelo: secção de sinalização
Vermelho: linha férrea principal que na foto se vê dirigir-se 
para os dois lados da estação de caminhos de ferro (como era aqui)
Carmesim: Av. da República, actual 25 de Setembro
Púrpura: Estrada das Estâncias, continuação da anterior para oeste, ambas imediatamente fora do limite das instalações portuárias
Laranja claro: Rua Paulino dos Santos Gil
Roxo e azul: ver em baixo

Na foto seguinte dos anos 50/60 encontro essas construções mas vistas a partir de posição mais para o meio do estuário. Notam-se nelas algumas diferenças em relação à PLANTA de 1965:

FOTO 2
Tracejado preto cinza: edifícios da pousada de trabalhadores
Rosa: grupo automóvel do cais, comparando as suas construções 
com as do PLANO de 1965 parece ter sido depois ampliado 
Amarelo: secção de sinalização
Círculo verde: carvoeira Mac Miller
Roxo e azul: ver em baixo

Como vimos no esquema do artigo 1 desta série essas construções apareceram entre 1945 e 1955 (onde estão marcadas na imagem ao centro com a marca roxa), mas o terreno onde foram edificadas estava já disponível há muito, em resultado de aterro do estuário.
Lembro 
vimos aqui uma pousada de trabalhadores dos CFM que ficava noutro local já para norte da linha férrea principal e que foi construida no início dos anos 60, por isso provável terá sido uma extensão da que aparece nas imagens de cima.
Outro edifício na zona que desapareceu entretanto foi o frigorífico de peixe que aparecia na PLANTA de 1965 e ao qual havia no livro dos CFM de 1966 a seguinte referência: "O porto possui um frigorifico para fruta ... Há também outro frigorifico para congelação de peixe, com duas câmaras com a capacidade de 80 toneladas cada."
frigorífico da fruta já conhecemos bem e podemos ver o do peixe na FOTO 2 marcado a "roxo e azul" e podemos também vê-lo do lado oposto na foto seguinte tirada para poente:

MONTAGEM 1 (clique para aumentar)
Roxo e azul: frigorífico do peixe 
 Círculo verde: carvoeira Mac Miller
Verde: secção de carvão
Castanho claro: edifício ao lado do porto de desinfestação, para controlo de epidemias
Castanho escuro: armazém com a letra Q
Vermelho: frigorífico da fruta
Preto: ponte-cais Gorjão

O frigorífico do peixe era então aparentemente constituído por três edifícios e que ficava perto da carvoeira Mac Miller (círculo verde). Olhando para a FOTO 1 recente ele teria estado aproximadamente entre o último pilar pequeno e o pilar principal da ponte do lado norte do estuário.
No próximo artigo concluiremos a série sobre a nova informação do pequeno livro dos CFM.
PS: Lembro-me de ter ido com o meu pai ao porto para o final dos anos 60 buscar uma encomenda para a sua firma chegada do estrangeiro e em que depois de toda a papelada e pagamantos tratados com o fornecedor, agente da companhia de navegação, despachante e alfândega se tinha autorização para entrar no recinto do porto. Chegados ao armazém definido, uma  grande nave luminosa (devia ser das mais modernas situadas para oeste) e cheia de grupos de caixotes espalhados no pavimento, eramos dirigidos para onde se encontrava a encomenda e assinava-se mais uns papés. Os funcionários colocavam a mercadoria no nosso transporte e saíamos certamente sendo fiscalizados no portão.

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