Neste artigo mostramos o navio de guerra português que estava em Lourenço Marques (LM) durante o cerco à cidade (Rainha de Portugal) e o que lá chegou no final de Novembro de 1884 (Afonso de Albuquerque) e dissemos que chegou depois a LM o navio Rio Lima e mais tarde a Diu.
Para nos apercebermos da importância que teria tido a chegada por exemplo da Afonso de Albuquerque ela teria lotação para 215 militares, o que duplicaria o número dos que tinham defendido a cidade (marinheiros, soldados e polícias) e que por essa altura estavam exaustos. Pode também não ser evidente mas não só o número é importante dado que antes da Afonso de Albuquerque tinham chegado soldados angolanos a 10 de novembro no vapor Angola e metropolitanos a 12 de novembro no paquete Cazengo. Mas a qualidade desta tropa era fraca e ela precisava de ser instalada antes de poder actuar, enquanto que a guarnição dum navio era uma força militar já constituida e organizada e para mais auto-alojada. Por isso é natural que quando o governo local estimou que as forças de defesa da cidade eram insuficientes tivesse requisitado a Lisboa em prioridade o envio de mais navios da armada, não pelas suas capacidades navais ou de artilharia mas pelo impacto que os seus homens teriam em terra.
O autor dessa época Eduardo de Noronha diz que os revoltosos africanos estavam bem informados do que se passava do lado português. Por isso só a expectativa da chegada dessas forças navais pode ter contribuido para a desmotivação dos rebeldes e para que o cerco fosse levantado no início de novembro de 1894. Alguns autores dizem também que os rebeldes tinham receio de penetrar na "cidade dos brancos" não só por ser um meio desconhecido e por aspectos ligados a superstições e magia mas mais racionalmente porque afrontariam posições bem defendidas pelos blockhaus (dai a importância de terem sido erguidos, não só pelo que faziam mas pelo que ameaçavam fazer aos atacantes). Isso explicaria porque no dia do grande ataque de 14 de Outubro de 1894 tendo os rebeldes ultrapassado as defesas portuguesas no baixo-Maé (antigo pântano) não forçaram por aí a entrada na Baixa, o coração da defesa da cidade, que estaria ao seu alcance.
Para nos apercebermos da importância que teria tido a chegada por exemplo da Afonso de Albuquerque ela teria lotação para 215 militares, o que duplicaria o número dos que tinham defendido a cidade (marinheiros, soldados e polícias) e que por essa altura estavam exaustos. Pode também não ser evidente mas não só o número é importante dado que antes da Afonso de Albuquerque tinham chegado soldados angolanos a 10 de novembro no vapor Angola e metropolitanos a 12 de novembro no paquete Cazengo. Mas a qualidade desta tropa era fraca e ela precisava de ser instalada antes de poder actuar, enquanto que a guarnição dum navio era uma força militar já constituida e organizada e para mais auto-alojada. Por isso é natural que quando o governo local estimou que as forças de defesa da cidade eram insuficientes tivesse requisitado a Lisboa em prioridade o envio de mais navios da armada, não pelas suas capacidades navais ou de artilharia mas pelo impacto que os seus homens teriam em terra.
O autor dessa época Eduardo de Noronha diz que os revoltosos africanos estavam bem informados do que se passava do lado português. Por isso só a expectativa da chegada dessas forças navais pode ter contribuido para a desmotivação dos rebeldes e para que o cerco fosse levantado no início de novembro de 1894. Alguns autores dizem também que os rebeldes tinham receio de penetrar na "cidade dos brancos" não só por ser um meio desconhecido e por aspectos ligados a superstições e magia mas mais racionalmente porque afrontariam posições bem defendidas pelos blockhaus (dai a importância de terem sido erguidos, não só pelo que faziam mas pelo que ameaçavam fazer aos atacantes). Isso explicaria porque no dia do grande ataque de 14 de Outubro de 1894 tendo os rebeldes ultrapassado as defesas portuguesas no baixo-Maé (antigo pântano) não forçaram por aí a entrada na Baixa, o coração da defesa da cidade, que estaria ao seu alcance.
Foram os quatro citados vasos de guerra que constituiam a "Divisão Naval do Indico" que António Enes (AE) encontrou quando chegou a Moçambique para exercer o cargo de Comissário-Régio ou que se lhe juntaram pouco depois. AE no livro A Guerra de África por volta da página 187 e descreve a sua situação na segunda metade de março de 1895: "O transporte (de militares para Inhambane) foi incumbido à corveta Rainha de Portugal. Julguei que não daria conta do serviço, tão arrasada estava! Logo na bahia estacou, por vicio da machina, e lá esteve fundeada horas esquecidas. E andavam assim todos os navios da armada, que em tão criticas circumstancias coadjuvavam o commissario régio! A Quanza (de que falaremos noutro artigo) só á vela podia arrastar-se. A Affonso de Albuquerque (que veremos de novo neste) chegara já com as caldeiras rotas. A Rio Lima foi retirada pouco depois de se ter apresentado. Valeu-me a Diu, que, todavia, ainda nesta época vinha no caminho de Macau. Com ella e só com ella me achei. Serviu-me para tudo, até para hospedaria. Tomei-lhe amor, e comprehendi a paixão dos marinheiros pelos navios em que navegam".
Na rotação naval que se seguiu à urgente resposta ao cerco da cidade e na preparação para a campanha de Gaza de 1895 terá ainda vindo para LM a canhoneira Vouga que como vimos aqui permaneceu em Moçambique durante alguns anos.
Vamos então rever em primeiro lugar os dois navios que conhecemos bem mas agora conscientes de que apesar do aspecto sólido e letal eles estavam em muito mau estado de funcionamento.
Da Rainha de Portugal temos uma foto da publicação da Academia da Marinha de 2015 em que talvez se mostre a corveta fundeada em LM:
Na rotação naval que se seguiu à urgente resposta ao cerco da cidade e na preparação para a campanha de Gaza de 1895 terá ainda vindo para LM a canhoneira Vouga que como vimos aqui permaneceu em Moçambique durante alguns anos.
Vamos então rever em primeiro lugar os dois navios que conhecemos bem mas agora conscientes de que apesar do aspecto sólido e letal eles estavam em muito mau estado de funcionamento.
Da Rainha de Portugal temos uma foto da publicação da Academia da Marinha de 2015 em que talvez se mostre a corveta fundeada em LM:
Segue-se a Afonso de Albuquerque da mesma publicação da Academia da Marinha de 2015:
Outra imagem da mesma corveta da publicação "OS PRIMEIROS E OS ÚLTIMOS NAVIOS A CARVÃO DA MARINHA DE GUERRA PORTUGUESA" por NUNO VALDEZ DOS SANTOS:
A Afonso de Albuquerque foi à Ilha de Mayotte buscar António Enes em Janeiro de 1895 quando este veio para Moçambique no paquete francês Iraouaddy partido de Marselha a 12 de dezembro de 1894 com destino a Madagascar para assumir o cargo de Comissário-Régio. Logo que chegou à Ilha e pretendendo deslocar-se a LM a Afonso de Albuquerque era o único navio do estado disponível mas "precisava, antes de seguir viagem para Lourenço Marques, deitar remendos nas avariadas caldeiras, cuja duração já havia excedido muito o praso da garantia. As caldeiras novas tinha-as ella deixado em Lisboa, sobre a ponte do arsenal de marinha. Calculou-se que a operação da remendagem duraria oito a dez dias, que seriam para nós outros tantos de paragem forçada... ". Foi no dia 12 de janeiro que AE embarcou na AA para LM e após viagem acidentada desembarcou (com um escaler a vapor) na manhã de 18 de janeiro.
Agora a canhoneira Diu que AE destacou no excerto de cima e que chegou a Moçambique já em 1895 em foto do arquivo da marinha. Como os outros três navios aqui mostrados era de propulsão mista, de máquina a vapor e à vela.
Canhoneira Diu fundeada algures |
Segundo o estudo "A Guerra de África em 1895 — Uma leitura estratégica" (pdf aqui) "Para melhor coordenar as operações junto do comando da coluna do Norte, utilizando a canhoneira Diu ... foi António Enes instalar-se nela em Inhambane, no final do mês de Junho (de 1895)". Vimos também aqui que esteve inicialmente previsto que seria a Diu a rebocar o casco da lancha Capelo de LM para o rio Limpopo.
Passemos a fotos da canhoneira "Rio Lima" do arquivo da marinha portuguesa (aqui num desenho na wikipedia):
Canhoneira Rio Lima, navio misto vapor e vela (1875-1902) |
Na seguinte foto também do arquivo da marinha portuguesa temos uma vista mais alargada do mesmo navio e na posição anterior:
Canhoneira Rio Lima fundeada algures (com lancha Sabre ou Carabina próxima) |
Vimos no artigo sobre as lanchas Sabre ou Carabina (que prestaram serviço únicamente em Moçambique) que foi a Rio Lima que as acompanhou na sua transferência de Quelimane para o sul de Moçambique em Abril-Maio de 1895. Por isso a coincidência nestas duas fotos (no tempo e no espaço) das duas embarcações pode significar que as fotos estarão relacionadas com essa transferência. A costa ao fundo poderia ser a da Polana com a Ponta Vermelha de Lourenço Marques, actual Maputo à esquerda mas parece-me que a barreira da Polana seria mais alta (vê-la em fotos mais actuais, aqui em 1919 e aqui). De qualquer modo serve esta foto para se ter noção da relação de tamanho entre as duas embarcações e daí, assumindo que a Rio Lima tinha capacidade média de resistência às tempestades no mar, antever que a das lanchas seria muitíssimo inferior e confirmar assim que correram grandes riscos nessa transferência.
O seguinte excerto do pdf sobre Augusto de Castilho escrito por João Freire para a Academia da Marinha mostra que a Rio Lima já andava por águas de Moçambique e com personalidades ilustres uns dez anos antes dos acontecimentos de 1895 de que temos tratado recentemente: "Em Agosto de 1884 ... (Augusto de Castilho) é nomeado para comandante da canhoneira Rio Lima, destinada à estação naval de Moçambique, para onde largou no mês de Dezembro. No Rio de Janeiro, onde fez escala, o comandante Castilho ...foi nomeado Governador-Geral de Moçambique. Prosseguiu, contudo, a sua missão tocando a cidade do Cabo, chegando a Lourenço Marques em Maio de 85 ... só em Julho chegando à capital da província (na ilha do mesmo nome), onde entregou o comando da Rio Lima e assumiu aquele encargo político-administrativo".
Outra informação sobre estes navios:
Rainha de Portugal (navios e navegadores):
A corveta “Rainha de Portugal” foi construída em Blackwall (Inglaterra), no ano de 1875. Tem 1 120 toneladas de deslocamento e a força de 150 cavalos. É um dos nossos melhores navios de guerra, com 8 bocas-de-fogo, e que tem desempenhado importantes comissões de serviço tanto na nossa África como no estrangeiro.
Afonso de Albuquerque (arquivo da marinha):
Foi construída nos estaleiros The Thames Iron Works, em Blackwall, Inglaterra, tendo sido lançada à água em 9-7-1884. Deslocava 1 110 toneladas, media 62.03 metros e tinha uma lotação de 204 elementos. Em 23-10-1884 largou para Portugal e, ainda nesse ano, saiu para a Divisão Naval de Angola. Em 25-10-1902 largou de Lisboa para a Divisão Naval de Angola para cumprir aquela que seria a sua última e mais prolongada comissão.
Lotação: 215 elementos (13 oficiais, 21 sargentos e 181 praças)
Diu (a 1.ª): não encontro mais informação para além da do livro de António Enes e seus sucedâneos
Canhoneira Rio Lima (wikipedia)
Tipo: Aviso; Deslocamento: 645 toneladas; Comprimento: 45,4 m; Boca: 8,6 m;
Propulsão: 2 mastros de velas (HoM: mas vemos 3 nas fotos!); 1 maq. de 500 h.p.; 1 maq. 750 h.p.; 1 veio = 10 nós
Armamento: 2 peças de 9 libras; 2 peças de 4 libras; 1 peça de 3 libras
Tripulação: 100 marinheiros.
O paquete francês dessa época da Messagerie Maritimes em que António Enes viajou até Mayotte :
Iraouaddy em que António Enes viajou da Europa para o Índico entre 1894 e 95 |
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