Continuamos com as fabulosas fotos reproduzidas do site da Universidade de Wisconsin Milwaukee (UW-M) e que fazem parte do arquivo da American Geographical Society Library. O seu autor foi Harrison Forman e são dos primeiros meses de 1961.
Veremos aqui o lado nascente = leste da antiga Praça Mac Mahon em Lourenço Marques (LM), actual dos Trabalhadores em Maputo com fotos que em parte tinhamos visto já aqui mas reparando na altura mais nos estudantes estrangeiros. Desta zona já falamos muito (começou aqui) pois teve edifícios interessantes e firmas conhecidas e muitas mudanças como aqui se comprovará permitindo esclarecer mais uns pormenores.
Primeiro mostra-se o "prédio da clarabóia". Vê-se as letras de Jacques Salm & Cia, Lda, uma firma que conhecemos daqui. Mas em cima dessas vêm-se novas letras, pena é continuarmos sem saber as que estiveram inicialmente na faixa mais acima pois nesta altura essa estava já pintada.
FOTO 0 (pormenor da FOTO 1)
Em cima vê-se pela primeira vez, MILLER, WEEDON & SALM (LM) |
O nome Salm está duplicado nas duas firmas e como vimos já e veremos mais aqui houve relações, nem que fosse de vizinhança, entre as firmas ligadas aos transportes ferroviários e marítimos, agências de import/export, despachantes e transitários que nessa zona se foram instalando devido à proximidade do porto e caminhos de ferro. Por exemplo o nome Weedon que aparece em sociedade em cima, isoladamente em 1903 era uma das firmas da cidade tendo instalações no cais das estâncias.
Em baixo temos a FOTO 1 donde foi retirada a FOTO 0 e que mostra os dois quarteirões do lado nascente da Praça Mac Mahon: um na plenitude, entre a Rua Consiglieri Pedroso (CP) a norte = esquerda na foto e a Rua Araújo, actual Bagamoyo a sul = centro direita na foto; o outro quarteirão parcialmente, o que fica a sul desta última rua.
FOTO 1
Prédios em que aqui focamos ao fundo e monumento ao centro da Praça |
Na FOTO 1 vê-se à esquerda só o terraço do prédio térreo que estava na esquina com a rua CP. Aparece depois o "clarabóia" e para a direita dele um prédio longo de dois pisos que vai terminar com uma pála bem saliente em betão no gaveto com a Rua Araújo. No quarteirão para a direita desta vê-se o prédio dos serviços do porto e dos CFM (aqui e aqui). Todos estavam na altura pintados de branco ou cinzento claro o que criava uma certa uniformidade apesar dos estilos diversos.
O prédio no gaveto com a Rua Araújo aparece na FOTO 2, tirada à tarde e 45 graus para a direita em relação à direcção da FOTO 1. Pode ver-se que a pála saliente e a parede redonda fazem parte do seu estilo modernista dos anos 30 ou 40.
FOTO 2
LM FORWARDING COMPANY na esquina da Rua Araújo, actual Bagamoyo ao entroncar na Praça Mac Mahon, actual dos Trabalhadores |
Deste prédio modernista e da firma Lourenço Marques FORWARDING COMPANY falámos um pouco por exemplo aqui. Vimos também aqui na FOTO 5 este prédio em construção e no mesmo artigo na FOTO 6 ele já com o nome Forwarding escrito. Curiosamente a LM FORWARDING COMPANY esteve a certa altura no prédio da clarabóia como se pode ver aqui e nesse prédio uns tempos antes do Jacques Salm esteve a Mosenthal Brothers como vimos aqui.
Falando agora de evolução a partir da FOTO 1, o prédio térreo na esquina com a rua CP foi demolido e foi aí construído o prédio Spence e Lemos (agora a sede da Petromoc). Sabemos que nesse novo prédio esteve instalada a firma MILLER, WEEDON & SALM (LM) que em 1961 estava no da "clarabóia". Nesse artigo vemos também que nos anos 30 existiu a firma Spence & Weedon (despachante, transitário, agente de navegação) mostrando mais uma relação entre estas firmas e instalações.
Depois de 1961 foram demolidos e presumo que simultâneamente o prédio da clarabóia (que era de duas gerações arquitectónicas anteriores) e o da LM Forwarding (que era da geração anterior) para ser construído - ocupando o espaço desses dois - o prédio "moderno tropical" da firma Manica de que falámos aqui e que está ainda ligada aos transportes com as normais adaptações aos tempos actuais. Essa firma já antes da independência de Moçambique tinha integrado a Delagoa Bay Agency cujo local na Baixa em 1929 era aqui. Em relação às outras, depois da independência o governo revolucionário de Moçambique decidiu seguir uma política agressiva contra a África do Sul ainda sob governo boer e por isso as relações comerciais entre os dois países foram restringidas e o porto de LM/Maputo quase parou. Por isso, suponho eu, estas antigas firmas que eram na maioria estrangeiras (não portuguesas) ou foram abandonadas pelos proprietários, ou foram expropriadas pelo governo moçambicano e/ou encerraram ou acabaram consolidadas na firma Manica, o que foi o caso da LM Forwarding.
Quanto a prédios conclui-se que dos que se viam na FOTO 1 do lado nascente da Praça em 1961 só resta actualmente que estava à direita, para sul da Rua Araújo e que como referimos pertence aos serviços do porto e dos CFM (Caminhos de Ferro de Moçambique).
Depois de 1961 foram demolidos e presumo que simultâneamente o prédio da clarabóia (que era de duas gerações arquitectónicas anteriores) e o da LM Forwarding (que era da geração anterior) para ser construído - ocupando o espaço desses dois - o prédio "moderno tropical" da firma Manica de que falámos aqui e que está ainda ligada aos transportes com as normais adaptações aos tempos actuais. Essa firma já antes da independência de Moçambique tinha integrado a Delagoa Bay Agency cujo local na Baixa em 1929 era aqui. Em relação às outras, depois da independência o governo revolucionário de Moçambique decidiu seguir uma política agressiva contra a África do Sul ainda sob governo boer e por isso as relações comerciais entre os dois países foram restringidas e o porto de LM/Maputo quase parou. Por isso, suponho eu, estas antigas firmas que eram na maioria estrangeiras (não portuguesas) ou foram abandonadas pelos proprietários, ou foram expropriadas pelo governo moçambicano e/ou encerraram ou acabaram consolidadas na firma Manica, o que foi o caso da LM Forwarding.
Quanto a prédios conclui-se que dos que se viam na FOTO 1 do lado nascente da Praça em 1961 só resta actualmente que estava à direita, para sul da Rua Araújo e que como referimos pertence aos serviços do porto e dos CFM (Caminhos de Ferro de Moçambique).
Finalmente noutra foto o destaque aos estudantes estrangeiros de visita à cidade em 1961 na qual no caso de serem sul-africanos gozavam uns tempos sem "apartheid". Note-se que em 1961 ainda não estava ligada a linha de Goba à Suazilândia por isso é menos provável que fossem desse país (também não sei se chegou a haver transporte de passageiros nessa linha).
Ver também aqui muito desta zona em 1939.
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