Reproduzindo principalmente elementos dum artigo da revista de Lisboa O Ocidente de Novembro de 1907 disponibilizada pela Hemeroteca podemos ver que em Setembro de 1907 a linha de Goba estava em construção. O tema do artigo era um pic-nic que se realizou perto de Muguene de que falámos neste artigo devendo ter sido escolhido um local à beira de água do Rio Umbelúzi ou dum pequeno afluente.
A viagem para esse local que demorou 1h 20 m mais uma deslocação mais curta fez-se pelo caminho de ferro de Goba pelo que se prova assim que este tinha chegado a Muguene. Faço notar que não havia ainda estrada para Goba, povoação que devia ter só umas poucas casas se tivermos em conta aqui como ela era ainda em 1929.
O guia do grupo para a visita aos trabalhos não podia ter sido mais ilustre pois foi o Eng. Lisboa de Lima que tinha projectado a linha e era na altura o chefe máximo dos Caminhos de Ferro de Lourenço Marques (CFLM).
A viagem para esse local que demorou 1h 20 m mais uma deslocação mais curta fez-se pelo caminho de ferro de Goba pelo que se prova assim que este tinha chegado a Muguene. Faço notar que não havia ainda estrada para Goba, povoação que devia ter só umas poucas casas se tivermos em conta aqui como ela era ainda em 1929.
O guia do grupo para a visita aos trabalhos não podia ter sido mais ilustre pois foi o Eng. Lisboa de Lima que tinha projectado a linha e era na altura o chefe máximo dos Caminhos de Ferro de Lourenço Marques (CFLM).
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| Pioneiros europeus residindo há mais de 16 anos em Moçambique |
Era este o artigo completo sobre esse "Pic-nic" em Lourenço Marques na Linha de Goba (com alguns comentários básicos do HoM, e muitas vezes sem acentos):
A última mala (HOM: postal, o correio vindo no barco a vapor) da Africa Oriental, trouxe-nos a noticia de uma festa de confraternidade entre os mais antigos residentes europeus em Lourenço Marques, que se realisou no domingo, 29 de setembro, em Muguene, na linha férrea da Swasilândia, acompanhando essa noticia uma bela fotografia do grupo dos convivas, em numero de 46, a qual reproduzimos neste numero como documento autentico da salubridade (HoM: quer dizer que as pessoas não morriam de donça) da colonia de Lourenço Marques, visto que os convivas que figuram naquelle grupo são todos europeus que ali vivem há mais de 16 annos.
A festa, que costuma ser annual, não foi este anno menos alegre nem menos concorrida do que nos mais annos. .....Acompanhou este grupo o sr. Lisboa de Lima, dirétor do Caminho de ferro de Lourenço Marques, convidado pela Comissão da festa, e todos partiram em comboio especial ás 9 horas e 10 minutos da manhá, chegando a Muguene ás 10 horas e 30 minutos, seguindo dali uns a pé, outros em vagonetes até o local do pic-pic, distante meia hora de caminho. Alegre correu o pic-nic, em fraternal convivio, sem nota discordante, e o sr. Mongiardim Costa, presidente da comissão, fez a apologia da festa, cuja iniciativa se deve ao sr. Eugenio Herzog, um dos mais influentes membros da colonia europeia. Os brindes sucederam se com franco entusiasmo e o sr. Torre do Valle, refere-se ao sr. conselheiro Freire de Andrade, governador geral, sentindo que sua ex., á ultima hora, por motivo de saúde, não podesse honrar a festa com a sua presença. Pediu também se guardassem alguns momentos de silêncio em memoria piedosa dos pioneiros falecidos no periodo de 1906 a 1907. Finalisa o seu improviso congratulando.se pela fraternal reunião ali de 46 individuos com residência em Lourenço Marques há mais de 16 annos, e lamenta que nem todos concorressem áquella festa, sendo certo que na colónia existem mais de 100 nas mesmas circunstâncias. Foi calorosamente festejada a comparência do sr. Lisboa Lima, ficando considerado como pioneiro para todas as festas promovidas pelo grupo. Depois do pic-nic procedeu-se á eleição da comissão executiva da festa para 1908, sendo eleitos os srs. Mongiardim Costa, Kurt C. Muller, Ernesto Torre do Valle, J. Garcia Fernandes e Antonio Cardoso. "
Podemos aqui verificar como é Muguene na actualidade continuando o que vimos neste artigo sobre a quinta em 1929 e a Casa do Gaiato agora e da qual foi tirada a foto suguinte olhando-se aproximadamente para norte;
Podemos aqui verificar como é Muguene na actualidade continuando o que vimos neste artigo sobre a quinta em 1929 e a Casa do Gaiato agora e da qual foi tirada a foto suguinte olhando-se aproximadamente para norte;
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| Vê-se a linha férrea de Goba a dar esta curva sobre aterro depois da recta em terreno mais elevado |
Na foto de cima a estação de Boane fica para o fundo, o rio Umbelúzi para a esquerda (actualmente deu lugar à albufeira da barragem) a uns 3.7 km e os Montes Libombos ainda nessa direcção estão a cerca de 18.5 km definindo aí a fronteira entre Moçambique e Essuatine.
A seguir ao pic-nic o grupo de 1907 seguiu um pouco mais adiante na linha, presumo eu, para ver a frente dos trabalhos pois o verdadeiro terminus da linha em território de Moçambique, a estação de Goba, não tinha sido ainda atingido, nem no ano seguinte o tinha sido como vimos neste artigo com relato de 1908: "Para terminar a agradável diversão o sr. Lisboa Lima convidou os pioneiros para um passeio até ao terminus da linha ferrea da Swasilandia, podendo estes então gozar a surpreendente vista da planicie da Mailene e dos Libombos Grandes, assim como notar o adiantamento em que se encontra a construção da linha. Grande é nossa satisfação ao darmos noticia desta significativa festa, que afirma a grande vitalidade da colonia de Lourenço Marques; onde a espansão da alma portuguesa se manifesta, no meio do trabalho e da luta de todos os dias pelo seu desenvolvimento e progresso. Quem atentar bem no grupo que reproduzimos o em gravura, poderá ver nela individuos de todas as idades, que naquella colonia encontraram vasto e campo para a sua atividade, o que deve servir de incentivo a tantos que na metrópole arrastam existencia penosa, a seguir o exemplo de seus irmãos, indo colaborar com eles na grande obra do engrandecimento da sua pátria."
A seguir ao pic-nic o grupo de 1907 seguiu um pouco mais adiante na linha, presumo eu, para ver a frente dos trabalhos pois o verdadeiro terminus da linha em território de Moçambique, a estação de Goba, não tinha sido ainda atingido, nem no ano seguinte o tinha sido como vimos neste artigo com relato de 1908: "Para terminar a agradável diversão o sr. Lisboa Lima convidou os pioneiros para um passeio até ao terminus da linha ferrea da Swasilandia, podendo estes então gozar a surpreendente vista da planicie da Mailene e dos Libombos Grandes, assim como notar o adiantamento em que se encontra a construção da linha. Grande é nossa satisfação ao darmos noticia desta significativa festa, que afirma a grande vitalidade da colonia de Lourenço Marques; onde a espansão da alma portuguesa se manifesta, no meio do trabalho e da luta de todos os dias pelo seu desenvolvimento e progresso. Quem atentar bem no grupo que reproduzimos o em gravura, poderá ver nela individuos de todas as idades, que naquella colonia encontraram vasto e campo para a sua atividade, o que deve servir de incentivo a tantos que na metrópole arrastam existencia penosa, a seguir o exemplo de seus irmãos, indo colaborar com eles na grande obra do engrandecimento da sua pátria."
Os trabalhos deviam então estar a decorrer na planície de Mailana (em vez de Mailene) de que vimos aqui imagens duma quinta de cerca de 1929. Podemos mostrar uma foto da Revista Ilustração Portuguesa de Março de 1908 dessa região:
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| Contrafortes dos Pequenos Libombos dominando a planície da Mailana de 500 km quadrados |
Todavia noto que a zona agora ocupada pelas construções e habitada em Muguene que aqui vimos (aqui no Google Imagens, para norte da colina) fica um pouco para norte do viaduto que vimos neste artigo (depois) e que no Google Images aparece aqui. Por isso suponho que o pic nic se tenha realizado junto ao rio mas pode ter sido mais para montante = sul ou jusante = norte dessa colina (Serra de Muguene).
Voltando ao artigo de 1907 os nomes dos participantes na festa "eram os seguintes: "J. F. Mongiardim da Costa, capitão Correia de Brito, Herman Gubler (comerciante, veremos depois), Joaquim Garcia Fernandes, António Cardoso, Ernesto Torre do Valle (serviços), João de Sousa Martins, Annibal Achilies Guerreiro, Manoel F. Correia, R. Pallastreli, Harry Reid, Alfredo Camilleri, Antonio Furtado, Giovani Tonetti (industrial), Luciano Felix, Luis de Sousa Amado, dr. Angelo Ferreira (jurista), Burt Muller, J. L. Main, Alex Uebel (casa comercial), G. T. Roberts, Rufino de Oliveira, José Augusto d'Aguiar, Luis Sá de Sequeira, Paulo Stockghit, João Gomes Jardim, Manoel de Araujo Gomes, Nicolau Catoja (loja aqui em 1923), Ernesto P. Saavedra, Pedro da Cunha, José Val Ribeiro, Gaspar Pizarro, John Mihaleto (Tabacos George), Jacques Reimann (serviços portuários em 1908), Antonio do Nascimento, João da Silva, Clemente Nunes de Carvalho e Silva, E. G. Dascalakis, Angelo Duvanis, Carlos Raul Pinto, Antonio Manoel da Silva, Lucio Velloso da Rocha, Andrew Roberts, João Pinto Abrantes, João de Sousa e E. Cheval."
No HoM apareceram já referências a alguns destes senhores ou às suas firmas como se pode ver nas ligações e ainda a Eugen Herzog relativamente à Casa Fabre e que aparecia também aqui numa foto (republicada em 1933/34) de grupo de pioneiros europeus noutro passeio ao Umbelúzi mas feito 10 anos antes do de cima. Aí em 1887 os excursionistas tinham sido transportados de barco pelo rio acima, em 1907 podiam ir de combóio ainda que em fase experimental e provávelmente para local mais a montante.
Da legenda de 1887 pode ver-se que alguns repetiram a viagem e que Mongiardim da Costa era funcionário dos CFM. Burt Muller devia ser um dos que tinha participado mas aí tinha sido registado como Mueller, noto que havia um "Ziggy" Muller na cidade membro da comunidade judaica e comerciante de armas que não sei se lhe era familiar,
Mas fotos desses nomes quase que não há e para simplificar fui só procurar se estaria na foto o cicerone especial Eng. Lisboa de Lima. Tenho o seguinte "achismo" utilisando na comparação também a foto da wikipedia em que ele aparece mais novo (nesta foto em 1907 ele teria 41 anos de idade):
Voltando ao artigo de 1907 os nomes dos participantes na festa "eram os seguintes: "J. F. Mongiardim da Costa, capitão Correia de Brito, Herman Gubler (comerciante, veremos depois), Joaquim Garcia Fernandes, António Cardoso, Ernesto Torre do Valle (serviços), João de Sousa Martins, Annibal Achilies Guerreiro, Manoel F. Correia, R. Pallastreli, Harry Reid, Alfredo Camilleri, Antonio Furtado, Giovani Tonetti (industrial), Luciano Felix, Luis de Sousa Amado, dr. Angelo Ferreira (jurista), Burt Muller, J. L. Main, Alex Uebel (casa comercial), G. T. Roberts, Rufino de Oliveira, José Augusto d'Aguiar, Luis Sá de Sequeira, Paulo Stockghit, João Gomes Jardim, Manoel de Araujo Gomes, Nicolau Catoja (loja aqui em 1923), Ernesto P. Saavedra, Pedro da Cunha, José Val Ribeiro, Gaspar Pizarro, John Mihaleto (Tabacos George), Jacques Reimann (serviços portuários em 1908), Antonio do Nascimento, João da Silva, Clemente Nunes de Carvalho e Silva, E. G. Dascalakis, Angelo Duvanis, Carlos Raul Pinto, Antonio Manoel da Silva, Lucio Velloso da Rocha, Andrew Roberts, João Pinto Abrantes, João de Sousa e E. Cheval."
No HoM apareceram já referências a alguns destes senhores ou às suas firmas como se pode ver nas ligações e ainda a Eugen Herzog relativamente à Casa Fabre e que aparecia também aqui numa foto (republicada em 1933/34) de grupo de pioneiros europeus noutro passeio ao Umbelúzi mas feito 10 anos antes do de cima. Aí em 1887 os excursionistas tinham sido transportados de barco pelo rio acima, em 1907 podiam ir de combóio ainda que em fase experimental e provávelmente para local mais a montante.
Da legenda de 1887 pode ver-se que alguns repetiram a viagem e que Mongiardim da Costa era funcionário dos CFM. Burt Muller devia ser um dos que tinha participado mas aí tinha sido registado como Mueller, noto que havia um "Ziggy" Muller na cidade membro da comunidade judaica e comerciante de armas que não sei se lhe era familiar,
Mas fotos desses nomes quase que não há e para simplificar fui só procurar se estaria na foto o cicerone especial Eng. Lisboa de Lima. Tenho o seguinte "achismo" utilisando na comparação também a foto da wikipedia em que ele aparece mais novo (nesta foto em 1907 ele teria 41 anos de idade):
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| Branco: seria Lisboa de Lima bem disposto? Bigodes quase todos tinham ... |
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