Embarcações em LM em 1894/95: lancha Bacamarte dos tenentes Nunes e Rocha no Incomáti (com o vapor Neves Ferreira) (1/3)

Continuando a série sobre embarcações em Lourenço Marques (LM), actual Maputo em 1894/95, vamos neste artigo falar principalmente da lancha a vapor Bacamarte e da sua tripulação. O Bacamarte era um pequeno navio a que os relatos da época quase atribuiam vida própria e é considerado uma glória da marinha portuguesa. Não temos fotos dele mas temos dos seus dois comandantes, as quais mostraremos neste artigo. 
Porque as duas embarcações andaram frequentemente juntas aparecerão aqui também muitas referências ao antigo vapor Neves Ferreira (todos aquique nessa altura tinha sido requisitado e adaptado a navio da armada e que foi comandado pelo tenente Raul Furtado. Será ainda mencionada a lancha Xefina, comandada pelo tenente Marinho Cabral e que fez parte dos acontecimentos dessa época mas com menor relevo. 
Podemos ainda acrescentar que da "Esquadrilha ou Divisão Naval do Índico" nessa época faziam (também) parte a corveta "Rainha de Portugal", a canhoneira Quanza e o pequeno vapor Auxiliar, mas essas embarcações não podiam intervir nos rios onde a acção naval era mais necessária.
Noto que clicando nos sublinhados pode ver artigos relacionados precedentes e que aqui conto a versão convencional portuguesa dos factos e interpreto-os com pouca imaginação, admitindo que outras versões dos factos (mas será que elas existem?) e outras interpretações deles são possíveis.
António Enes (AE) foi nomeado comissário-régio português (era um governador-geral com mais autonomia executiva) para Moçambique em 1894 e chegou ao território no início de 1895. Sobre a situação naval que referimos em cima e que encontrou em LM, cidade que tinha estado sob ataque por terra até ao início de novembro de 1894 e em redor da qual a situação militar continuava periclitante, escreveu AE no livro A Guerra de África de 1898: "O material naval era deficientissimo. Nas águas do districto, além dos navios da Divisão, havia apenas o vapor Neves Ferreira, as lanchas Xefina e Bacamarte e o escaler Tito de Carvalho, Este, porém, estava fora d'uso, encalhado desde muito no Limpopo, lá para o Chai-chai. A (lancha) Xefina tinha as caldeiras tão avariadas que já se haviam encommendado outras para Inglaterra, e não se podia contar com ella para commissão alguma. Só o Bacamarte podia ainda aguentar serviço; mas nunca uma bandeira de guerra tinha tremulado na popa da mais humilde casca de noz !".
A zona envolvida no acontecimentos que seguiremos aqui até ao final de Maio de 1895 era a do Incomáti inferior antecedendo a sua foz na transição entre a baía do Espírito Santo, actual de Maputo e o oceano Índico e frente à ilha da Xefina Grande e a qual podemos ver aquiAE por volta da página 69 de A Guerra d'Africa descreve o percurso do rio Incomati em Moçambique (em grande parte coloquei esse texto no PS 5 aqui) e sobre os seus últimos quilómetros a partir de Marracuene dizia que ele se dividia em dois braços ao centro dos quais fica a ilha de Benguelene (aqui ao centro) e que por aí a navegação era difícil e imprevisível. Note-se que mais abaixo o curso de água tem também dois braços envolvendo a ilha da Xefina Pequena e presumo que aí seja ainda considerado rio mas para o caso isso é irrelevante pois toda essa zona esteve envolvida nos acontecimentos de que aqui se fala (vê-la desenhada na CARTA em baixo). É importante notar-se também que até à campanha militar de 1894/95 só embarcações ligeiras, de pouco calado, tinham subido o rio a partir da baía e dessa zona não havia cartas nem registos de profundidades, por isso não se sabia se navios com quilha grande seriam capazes de o fazer.
Relativamente à "casca de noz" Bacamarte e à barra do Incomáti e a um acontecimento crucial que os envolveu no final de 1894, i.e. pouco antes de AE ter chegado a Moçambique escreveu ele em torno da pág. 68 da sua obra: "O Bacamarte fora comprado em segunda mão, por 1 200 libras, n'um dos portos da colónia do Cabo, para serviço da capitania do porto. Só por ironia lhe podiam dar o nome guerreiro e estrepitoso que tinha. Nem rebocador era, por a machina ter pouca força. Não passava dum escaler grande. A ondulação da bahia affrontava-o. Qualquer bala espherica lhe varava o casco. Mal lhe cabia dentro uma guarnição de quatro homens (veremos depois que teria mais). Todavia, a necessidade arvorou-o em canhoneira: pregaram-lhe na borda umas chapas de ferro que fingiam proteger os tripulantes, ajoujaram-n'o com um canhão-revolver e uma metralhadora Nordenfeldt, deram-lhe um primeiro tenente para commandante, içaram-lhe á ré uma bandeira maior do que elle, e ála para o Incomati, a affrontar a fusilaria dos revoltosos, emboscados. no mangal denso das margens! Elle foi, tornou a ir, e a curto trecho voltou com a bandeira a meio páu, trazendo o commandante (Fillippe Nunes) morto".
Esta é a foto do mencionado comandante Fillippe Nunes do Bacamarte tombado por Portugal na barra do Incomáti no final de 1894, que vem do arquivo da Marinha mas que nunca vi associada aos muitos relatos sobre esses acontecimentos:

Fillippe dos Santos Nunes, Segundo Tenente da Armada,
 falecido em combate em 1894 em Moçambqiue

A zona mais próxima da foz do rio Incomáti eram terras de Mahazul, o régulo ronga da Magaia que com outros da Terras da Coroa se tinham revoltado contra Portugal em setembro de 1894. A partir dessa altura passou a haver ataques frequentes e intensos com arma de fogo nessa zona do rio às embarcações portuguesas por elementos a soldo dum comerciante africano da Macaneta apelidado Finish, que se emboscavam nas margens e eram difíceis de  ser detectadas e anuladas. As forças portuguesas queriam manter o rio transitável para por exemplo se continuar a exercer o comércio e foi por esses rebeldes e nesse local que segundo AE "Felippe Nunes fora morto a 27 de dezembro, por uma bala que passara por entre as chapas de protecção da lancha (quando) tinha ido ao Incomati fazer um reconhecimento". 
Foi então nomeado comandante do Bacamarte o 2o tenente Vieira da Rocha (1870 - 1944) que não sei que função teria em Moçambique na altura. É dele a foto seguinte de quando era guarda marinha, dois postos abaixo e uns quatro anos mais novo do que seria em 1894/1895 quando com 24 ou 25 anos passou a cruzar com o Bacamarte a baia do Espírito Santo, actual de Maputo e o rio Incomáti em clima de guerra. 

FOTO 2  (arquivo da marinha) 
Filippe Trajano Vieira da Rocha, comandou o Bacamarte 
sucedendo a Fillippe Nunes

Menos de duas semanas depois da morte de Filipe Nunes, a 7 de janeiro de 1895, deu-se um ataque dos rebeldes à linha férrea junto a LM em que faleceram dois europeus e muitas senhoras africanas. O recém chegado AE perante a deterioração da situação decidiu passar à ofensiva contra Mahazul, régulo do território da Magaia onde estava Marracuene e a desembocadura do rio Incomáti, e que com Matibejana do Zixaxa eram os únicos chefes africanos a prosseguir a rebelião. Preparou-se então a saída de LM de uma coluna militar sob comando do Major José Ribeiro (mais tarde substituido por Caldas Xavier devido a doença daquele) que passaria por Anguane em direcção a Marracuene, localidade a cerca de 30 km da cidade, e composta de soldados portugueses da metrópole, de Angola e locais. O primeiro objectivo da missão seria o de estabelecer presença permanente em Marracuene (posto militar) pois ficava num ponto elevado na margem direita do rio Incomáti e com vista até ao mar. O segundo objectivo seria que parte das tropas passasse para a margem esquerda do rio - largo aí de umas centenas de metros - que também pertencia ao território de Mahazul mas esse passo dependeria de avaliação a ser feita posteriormente.
Era assim que AE reflectia em como se poderia ser dado apoio fluvial a essas tropas que iriam por terra para Marracuene: "O heróico Bacamarte auxiliaria, pois, a columna na occupação do Marraquene, mas os seus recursos eram muito inferiores á sua boa vontade. Não podia tomar carga; quando muito daria reboque a algum lanchão, mas também isso faltava. .... O Neves Ferreira é que poderia salvar a situação, porque os seus porões accommodariam muitas toneladas de carga; mas poderia elle entrar no Incomati e subi-lo? Não se sabia ao certo; julgava-se, porém, impossivel que transpozesse os baixos da entrada passadas as marés vivas. Era necessário experimentar". Adianta depois AE que o vapor Neves Ferreira foi então tentar a entrada na barra do Incomati "fazer sondagens, procurar os canaes, e voltou com a noticia de que, nas águas vivas, poderia transpor os baixos e subir até Marraquene ou ainda além. As difliculdades eram na entrada; passada a Benguelene havia fundo para um grande paquete. Esta noticia foi muito festejada". Foi assim decidido que o Neves Ferreira conjuntamente com o Bacamarte, que já estava experimentado em conduzir correspondência e pequenas cargas de LM para correspondentes ao longo do rio, iria apoiar a coluna e vimos neste artigo que na primeira dessas missões ele transportou alguma carga a bordo e foi fundear junto a Marracuene. 
A coluna saíu da cidade na madrugada de 28 de janeiro de 1895 em direcção a norte e apesar da curta distância a percorrer até Marracuene tinha marcha difícil devido aos fracos carreiros existentes e ao muito mau tempo que teve de enfrentarPara mais a coluna devia marchar permanentemente em formação de quadrado precavendo-se de ser atacada pelos rebeldes (e estava-se na dúvida se iriam as tribos rongas que tinham entretanto rompido com Mahazul / Matibejana apoiar os portugueses como tinham prometido, se teriam os Magaias / Zixaxas sido reforçados pelos vátuas de Gaza como se suspeitava pudesse acontecer?) que eram em número muito superior e estavam no seu terreno. AE, do posto de comando em LM, tentava manter comunicação com a coluna (vemos mais detalhe do seu texto em baixo) mas teve penosos momentos de incerteza relativamente ao efeito do mau tempo e à capacidade das suas forças e das do inimigo e que descreve assim: "Revolvendo na mente estas interrogações tenebrosas, occupei-me antes de tudo, na quietação da noite, de providenciar para que fossem satisfeitas as requisições, do comando da coluna, de munições, de medicamentos e de viveres. Para os levar ao Marraquene só havia o Bacamarte, que acabava de chegar com a guarnição exhausta e o commandante febril. 
- Pôde ir ainda hoje ? perguntei ao tenente Rocha. 
- Irei ! respondeu-me elle, levantando a cabeça que lhe caia invencivelmente sobre o peito. 
O Bacamarte levaria também á columna instrucções do quartel-general. O sr. major Ribeiro não me dissera o que tencionava nem o que precisava fazer (um tanto estranho mas sabe-se que o plano de marcha para a coluna tinha sido elaborado por Caldas Xavier ....). Mandei-lhe eu dizer que desistisse por então de estabelecer o posto militar, que certamente não ficaria em condições de segurança; que se abstivesse de qualquer tentativa de passagem para a outra banda (margem esquerda) do Incomati, e que retirasse com a columna toda para a cidade, logo que entendesse poder faze-lo sem que a retirada parecesse fuga, causando, entretanto, o maior damno possível ao inimigo. Sabendo que estas instrucções contrariariam os impulsos briosos do estado-maior, ponderei que o abastecimento das tropas havia-se tornado extremamente contingente, e que não poderia assegural-o se o temporal se renovasse. Quando isto escrevia já estrepitavam novas chuvadas nas vidraças das janellas da residência !". 
Em cima tinhamos dito que os objectivos iniciais da coluna eram primeiro estabecer uma força permanente em Marracuene e segundo se tal fosse decidido passar o rio para a margem esquerda, mais a leste. Ora devido ao mau tempo e às suas angústias AE decidiu, mesmo antes de saber se um grande combate iria ter lugar, que a coluna faria só uma demonstração de força mais ou menos musculada indo até Marracuene e que retiraria depois para a cidade. Mas Mahazul tinha também os seus planos, pô-los em marcha e as forças portuguesas no terreno e depois AE tiveram de reagir.
Esta carta do Incomáti Inferior de Grandjean dessa época mostra as principais pontos referidos nos textos:

CARTA de 1892/93
Vermelho: Lourenço Marques, actual Maputo
Roxo: Anguane, antigo posto militar entre LM e Marracuene
Verde: Marracuene
Azul escuro: Macaneta, terra do Finish
Laranja: Mapunga, residência habitual de Mahazul, 
a uns 15 km para NE de Marracuene
Mancha azul: rio Incomáti
Castanho escuro: ilha de Benguelene
Preto: ilha da Xefina Pequena
Roxo: Ricatla, estação da missão suíça na zona 
e que foi destruida nessa altura

AE descreve do modo seguinte como acompanhava o avanço da coluna no dia de 1 de Fevereiro, antes desta ser atacada em Marracuene (na madrugada do dia 2): "Em Lourenço Marques, e especialmente no quartel-general, estava causando mortaes inquietações a situação precária da coluna, da qual só se recebiam noticias largamente espaçadas, porque as communicações terrestres não se aproveitavam, por se considerar temerário mandar mensageiros por um caminho de 30 kilometros todo elle à mercê dos revoltosos, e as communicações fluviaes eram mantidas apenas por uma lancha a vapor, o Bacamarte, visto que a (lancha) Xefina, segundo a declaração do seu commandante, voltara da primeira viagem ao Incomati com as caldeiras tão arruinadas que não podia mais navegar. Parasse o Bacamarte ou augmentasse o temporal, e não restaria meio algum de mandar a Marraquene um officio ou uma caixa de bolacha!".
Esta descrição de AE em que não menciona o vapor Neves Ferreira como podendo fazer a ligação com o Incomáti está de acordo com o que vimos antes, de que se tinha concluido que ele podia atravessar a barra do rio e iniciar a sua subida em direcção a Marracuene mas primeiro que só o podia fazer com maré alta e segundo que o tempo que demoraria a fazé-lo era imprevisível, pelo que não seria meio de eficaz comunicação entre LM e a coluna militar portuguesa. Mas tendo partido com antecedência suficiente a 29 de janeiro o vapor Neves Ferreira e o Bacamarte ultrapassaram a barra do Incomáti e ficaram à vista das tropas da coluna quando estas chegaram e bivacaram em Marracuene. E quando o acampamento português foi atacado na madrugada de 2 de fevereiro de 1895 do vapor Neves Ferreira, estava fundeado próximo no rio, a sua tripulação pode observar os clarões do combate mas lógicamente não pode intervir directamente.
No próximo artigo falaremos desse combate e do que se lhe seguiu, muito da perspectiva da acção das embarcações especialmente do Bacamarte.

Estudos sobre estes acontecimentos; 
1. A Guerra de África em 1895 — Uma leitura estratégica Coronel da Força Aérea Luís Alves de Fraga (pdf aqui)
Sobre a preparação do avanço sobre a posição estratégica de Marracuene planeado por António Enes no início de 1895, outra abordagem ao que se viu antes:"Dado que os transportes terrestres eram insuficientes para levar os alimentos necessários para a deslocação — previa-se uma marcha de quatro dias e os carros de bois só carregavam alimentos para três — ter-se-ia de se usar o rio Incomati de modo a garantir o abastecimento para todo o tempo de permanência. No distrito só havia o vapor Neves Ferreira e as lanchas Xefina e Bacamarte, porque o escaler Tito de Carvalho havia tempo encalhara e ficara fora de serviço na zona do Xai-Xai. O primeiro estava completamente estafado e tinha um calado que não aconselhava a navegação no rio por causa dos encalhes, a segunda embarcação tinha as caldeiras tão avariadas que já levara a fazer-se encomenda de outras para Inglaterra e só restava a lancha Bacamarte que nunca havia arvorado bandeira de guerra; era um escaler grande, no dizer do comissário régio e a sua tripulação, com dificuldade ia além de quatro homens. Foi armado com um canhão-revólver e uma metralhadora e blindado com uns taipais ou anteparas metálicas para simular protecção dos tripulantes e passou a ser comandado por um primeiro-tenente. Foi com esta embarcação que se fizeram as primeiras viagens de abastecimento no Incomati; numa delas foi morto o comandante — Filipe Nunes — tendo sido substituído pelo segundo-tenente Vieira da Rocha o qual mostrou sempre extrema capacidade para afrontar os perigos e os trabalhos das viagens rio abaixo e rio acima. Contudo, porque a necessidade era grande, acabou por se marcar a deslocação da tropa para data próxima das marés mais cheias que aumentavam o caudal no rio e permitiam ao Neves Ferreira navegar até Marracuene, carregando nos seus porões os alimentos necessários; uma vez chegado à zona combinada ficaria a servir de fortaleza fluvial, esperando melhor oportunidade para regressar a Lourenço Marques. A Xefina, mesmo com todas as suas deficiências iria acompanhar pelo rio a marcha das tropas. Estava constituída a esquadrilha do Incomati".
2. Sobre a estratégia subajacente ao controle dos cursos de água e à aplicação das lanchas na campanha militar terrestre a sul do Save de 1895, Disertação para mestrado de Ricardo Gaspar Alberto: "Das missões levadas a cabo pela Marinha destacam-se a escolta aos comboios fluviais que abasteciam as regiões de Lourenço Marques e Inhambane, pelo Limpopo, Incomati e Inharrime, bem como o abastecimento dos postos que se estabeleciam em território indígena. Simultaneamente, eram efetuadas ações de pacificação quer por ação artilheira efetuada a partir das embarcações, quer através de desembarques anfíbios. Este conjunto de ações revelou-se preponderante por alguns fatores estratégicos que Marques Esparteiro enuncia no seu artigo para os Anais do Clube Militar Naval e que, como se verá mais à frente, são de alguma forma empregues no contexto da Guerra Colonial. Podem resumir-se tais fatores nos três seguintes apontamentos:
- divisão natural do território inimigo através da patrulha das redes fluviais delimitantes da sua área de ação;
- concessão e reforço de vias de comunicação e abastecimento a pontos estratégicos ao mesmo tempo que se patrulha e que se nega tais vias ao inimigo;
- apoio às forças terrestres, quer através de desembarques anfíbios quer através de apoio artilheiro para as margens a partir dos rios."
3. Do site MGP temos a seguinte informação sobre o Bacamarte e a Xefina aqui referidas e sem grandes novidades: 
- 14. "Bacamarte": "Navio comprado na África do Sul em 1894 para serviço da província de Moçambique. Montava um canhão-revólver e uma metralhadora. Fez serviço no rio Incomati com o vapor "Neves Ferreira", contribuindo para a vitória de Marracuene. Em 1897, indo a reboque de Lourenço Marques para Quelimane, afundou-se no canal de Moçambique."
- 7. "Xefina": Lancha-canhoneira adquirida em 1890 para servir nos rios de Moçambique. Em 1895 acompanhou o vapor Neves Ferreira nas surtidas ao rio Incomáti. 

Livros sobre estes acontecimentos; 
4: Livro "Campanha das Tropas Portuguesas em LOURENÇO MARQUES E INHAMBANE" de AYRES DE ORNELLAS, HENRIQUE COUCEIRO, EDUARDO DA COSTA e MOUSINHO DE ALBUQUERQUE 
Este livro foi escrito por intervenienetres militares nos acontecimentos e por isto tem dados muito pertinentes
nfp 34 1 A Bacamarte é a lancha mais célebre de toda a esquadrilha do Incomati. É muito pequena e a que demanda menos água (pouco mais de 4 pés): armada à proa com um canhâo-revolver Hotckiss, á ré com uma metralhadora Nordenfeldt; quasi rasa com a agua e defendida na artilheria e leme por anteparas moveis na maior parte de pranchões, e algumas de chapas de ferro, guarnição de 7 homens, incluindo gente da machina e fogo.
Os serviços prestados por este barquinho não têem conto nem tão pouco as suas viagens rio abaixo e rio acima, explorando, batendo, rebocando batelões enormes, conduzindo gente, materiaes, munições de guerra e de boca. Durante as operações realisadas de dezembro de 1894 a abril de 1895, foi o mais constante auxiliar das tropas de terra.
Numerosissimas vezes batida por tiros isolados ou descargas, no Finish, na Bengueléne, em Marraquene, em Incanine, enfim em todos os sítios onde nas margens havia trincheiras, a casca de noz sondando, balisando, puxando, tendo ás vezes que passar longas horas encalhada, outras que concertar- se com os seus recursos próprios, lá ia seguindo impassível emquanto as balas, no costado, no cano e nas pranchas de defeza, lhe iam escrevendo a gloriosa historia. A Bacamarte afundou-se, há pouco, no canal de Moçambique, quando, a reboque do transporte África se dirigia á capital da província
 (na altura era a Ilha de Moçambique) para auxiliar as operações contra os namarraes.
Página 34 (ocupaçâo da Xefina pequena): Nessa ocasião só a Bacamarte fazia o serviço, pois que a Neves Ferreira demandando 7 pés, apenas em dadas circumstancias e com difficuldades penetrava no rio, e a Chefina estava e esteve muito tempo á espera de uma caldeira. Foi portanto a Bacamarte que conduziu e rebocou a gente e materiaes para este serviço, que foi feito pelo capitão Freire de Andrade com 25 praças de caçadores n.° 3 de Africa sob o commando do alferes Martins, e 3 soldados de infanteria da policia. ....
5. Glórias e Martírios do General Ferreira Martins
6. No site macua.org bom livro de que não sei nome nem autor.


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